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A angústia de viver<br />
19.09.09 (conto)<br />
Foi no nascer do sol que Richard finalmente alcançou o topo do monte Shiva, nas<br />
imediações de um pequena cidade no interior da Índia, para a esperada conversa<br />
com o sábio que habitava a região a muitos anos, e que não tinha nome, pois em<br />
cada morada que batia a porta pedindo comida, era chamado por um nome<br />
diferente – e não se importava.<br />
Richard era um empresário do ramo de informática, muito bem sucedido<br />
profissionalmente. Muito mal sucedido no entendimento de si mesmo. Richard um<br />
dia acreditou que o objetivo de sua vida era criar uma grande empresa de<br />
software, conhecida em todo mundo, e ficar milionário... Tudo isso ele conseguiu,<br />
mas não podia compreender o sentido de toda essa jornada – uma pergunta lhe<br />
inquietava:<br />
"Qual o objetivo da vida afinal?” – foi à pergunta que ele fez ao sábio ancião assim<br />
que o encontrou, varrendo a varanda de sua casa. O homem parece ter gostado<br />
do modo direto pelo qual aquele ocidental intrometeu-se em seus afazeres diários,<br />
com uma indagação tão profundamente simples. Encostou sua vassoura e<br />
respondeu-o:<br />
"Porque você veio de sua casa até a Índia?"<br />
"Para tentar resolver essa angústia dentro de mim mesmo..."<br />
"E acha que vai conseguir?"<br />
"Não sei, gostaria de tentar... Acho que essas coisas se resolvem passo a passo."<br />
"E qual é o próximo passo?"<br />
"Não sei, achei que iria me dizer..."<br />
"E por acaso alguém pode saber em qual direção o ramo de árvore irá crescer?"<br />
"Como assim?"<br />
"Você, como eu, é apenas uma pequena semente jogada ao solo. Nós não<br />
sabemos para que direção nossos galhos irão crescer, nem que folhas e frutos<br />
iremos produzir. Sabemos apenas que nos alimentamos do sol, e tentamos chegar<br />
até ele... Mas também somos filhos da terra, e nossas raízes nos mantém atados<br />
ao solo."<br />
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