Dossiê Jorge Amado - Academia Brasileira de Letras
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<strong>Jorge</strong> <strong>Amado</strong>, centenário<br />
No dia <strong>de</strong> sua formatura, assumiu também o compromisso <strong>de</strong> escrever um<br />
livro. Gostou tanto que não escreveu apenas um livro, e, sim, muitos outros.<br />
Ȅ<br />
Nascido para escrever<br />
Dele, o “Coronel” João <strong>Amado</strong> diria <strong>de</strong>pois: “Meu filho nasceu para escrever.<br />
Fale em literatura com ele que ele enten<strong>de</strong> tudo. Só não lhe fale em<br />
negócios, pois <strong>de</strong> negócios ele não enten<strong>de</strong> nada.”<br />
Nesse meio-tempo, <strong>Jorge</strong> participou intensamente da vida literária, como<br />
um dos fundadores da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> dos Rebel<strong>de</strong>s, que, junto com os do “Arco<br />
& Flecha” e do “Samba”, exerceu importante papel renovador nas letras da<br />
Bahia, ao lado, entre outros, <strong>de</strong> Aidano <strong>de</strong> Couto Ferraz, Clóvis Amorim,<br />
Édison Carneiro e Sosígenes Costa.<br />
Foi redator <strong>de</strong> O Imparcial, baiano; <strong>de</strong> Hoje, paulista; da revista Dom Casmurro,<br />
carioca, e do semanário Para Todos, com Oscar Niemeyer e o irmão James.<br />
A humil<strong>de</strong> condição <strong>de</strong> vida dos operários e camponeses leva-o, em 1932,<br />
a filiar-se ao Partido Comunista Brasileiro e a envolver-se na Aliança Nacional<br />
Libertadora.<br />
Foi preso pela polícia do Estado Novo e, em 1937, seus livros foram queimados<br />
numa praça pública <strong>de</strong> Salvador.<br />
Vamos reencontrá-lo no I Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Escritores, reunido em<br />
São Paulo e cujo Manifesto se transforma no primeiro petardo <strong>de</strong>sferido contra<br />
a fortaleza da ditadura. E aí conhece Zélia, que seria sua mulher pelo resto<br />
da vida.<br />
Ȅ<br />
Persona non grata<br />
<strong>Jorge</strong> era, então, um jovem <strong>de</strong> 34 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, mas já consagrado intelectual<br />
brasileiro.<br />
Em 1947, o registro do seu partido é proibido pelo TSE e seu mandato<br />
parlamentar, no ano seguinte, é também cassado, com sua perseguição no<br />
Brasil. Enfrenta diversas fases <strong>de</strong> exílio na Argentina, Uruguai e escolhe a<br />
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