Dossiê Jorge Amado - Academia Brasileira de Letras
Dossiê Jorge Amado - Academia Brasileira de Letras
Dossiê Jorge Amado - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Jorge</strong> <strong>Amado</strong>, centenário<br />
Gil, Caetano Veloso, Maria Betânia, Gal Costa, Genaro <strong>de</strong> Carvalho, Glauber<br />
Rocha, Odorico Tavares, Herberto Salles, Afrânio Coutinho, Eduardo Portella<br />
e João Ubaldo Ribeiro, além do argentino Carybé, do sergipano Jenner Augusto,<br />
do maranhense Floriano Teixeira e do francês Pierre Verger.<br />
Atraído pelos atores dos livros <strong>de</strong> <strong>Jorge</strong>, estrangeiros famosos acorriam a<br />
Salvador: o grego Georges Moustaki; o americano Harry Belafonte; o francês<br />
Marcel Camus; o alemão Karl Hansen e o polonês Roman Polansky.<br />
Certa vez, <strong>Jorge</strong> estava em visita ao terreiro <strong>de</strong> Menininha do Gantois,<br />
quando uma senhora se aproximou <strong>de</strong>le e, confundindo-se com sua cabeleira<br />
branca, perguntou-lhe:<br />
– O senhor não é o Dorival Caymmi?<br />
– Não, senhora, sou irmão <strong>de</strong>le.<br />
– Ah! Bom. Faz sentido.<br />
Seu filho, João <strong>Jorge</strong>, conta que, certa vez, estava com seu pai numa feira em<br />
Sagres, Portugal, quando um ven<strong>de</strong>dor lhes ofereceu um figo para <strong>de</strong>gustar.<br />
<strong>Jorge</strong> provou-o e o ven<strong>de</strong>dor perguntou:<br />
– Good? <strong>Jorge</strong> respon<strong>de</strong>u prontamente: – Good.<br />
Convicto <strong>de</strong> que o seu freguês era um americano legítimo, pois usava uma<br />
camisa bem colorida, o ven<strong>de</strong>dor prosseguiu:<br />
– Estás gordito, oh! Filho <strong>de</strong> uma mãe.<br />
Surpreso, <strong>Jorge</strong> voltou-se para Paloma e perguntou:<br />
– Você viu, minha filha, do que ele me chamou?<br />
Assustado, o ven<strong>de</strong>dor tentou escapulir:<br />
– Ai Jesus, que os gajos são portugueses.<br />
Ȅ<br />
Entrada na “imortalida<strong>de</strong>”<br />
Os livros <strong>de</strong> <strong>Jorge</strong> atravessaram oceanos e continentes, chegando às portas e<br />
ao vestíbulo da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong> Estocolmo, que, por muito pouco, não o laureou<br />
com o Prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura.<br />
Ele se elegeu para a Ca<strong>de</strong>ira n. o 23 da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, tendo,<br />
como fundador, José <strong>de</strong> Alencar; como patrono, Machado <strong>de</strong> Assis; como<br />
151