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Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

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110<br />

O SÉCULO XX<br />

Eis a descrição <strong>do</strong> caso clínico (o português é o da época):<br />

“A observação laryngoscopica, que no <strong>do</strong>ente é difficil, mostra<br />

uma congestão geral da larynge. A arytnoidea esquerda<br />

está immovel, fixa, mas de volume sensivelmente normal. A<br />

corda vocal d’este la<strong>do</strong> esta substituída por uma massa de<br />

teci<strong>do</strong> de aspecto muriforme <strong>em</strong> toda a sua extensão. Pode<br />

verificar-se na preparação que apresento. Esta massa constitue<br />

um tumor, saliente na sua porção superior e inferior,<br />

deixan<strong>do</strong> entre si uma depressão apreciável, mais funda<br />

atraz <strong>do</strong> que adeante.<br />

A porção inferior <strong>do</strong> tumor é mais volumosa e saliente <strong>do</strong><br />

que a superior. O ventrículo d’este la<strong>do</strong> e a banda ventricular<br />

estão desloca<strong>do</strong>s para cima e mesmo comprimi<strong>do</strong>s pela porção<br />

superior <strong>do</strong> tumor. Este não chama a attenção pela cor<br />

que não faz contraste, é firme e t<strong>em</strong> approximadamente o<br />

tamanho de uma castanha pequena, achatada. Excede a<br />

commissura e invade a parte anterior e porção inferior da<br />

corda vocal direita, limitan<strong>do</strong> como se fosse surdina as vibrações<br />

d’esta. Não há ulceração. A glotte está reduzida a<br />

menos de metade, e as linhas nítidas e rectas da glotte normal<br />

estão substituídas, à esquerda, por uma linha franjada.<br />

Communiquei ao colega Silvestre Falcão que acompanhava<br />

o <strong>do</strong>ente o meu diagnostico de epithelioma. A analyse histológica<br />

confirmou o diagnostico. Propuz a tracheotomia urgente<br />

que se realizou dias depois, quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente tinha já<br />

FIGURA 105<br />

“MEDicina cOnTEMPORanEa” DE 5 DE jUnhO DE 1910 nOTÍcia SOBRE a “EXTiRPaÇÃO TOTaL Da LaRYnGE”<br />

dispensa<strong>do</strong>, á mulher, que n’este pequeno intervallo foi operada<br />

de um cancro <strong>do</strong> seio, os cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esposo.<br />

A tracheotomia realisou-se com anesthesia local e s<strong>em</strong> incidentes<br />

operatorios ou de qualquer outra natureza, affirman<strong>do</strong><br />

o <strong>do</strong>ente que nada tinha senti<strong>do</strong> a não ser a<br />

introducção da canula.<br />

A 21 de Abril o <strong>do</strong>ente era laryngectomisa<strong>do</strong> na casa de<br />

saúde de <strong>Portugal</strong> e Brazil, ten<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> todas as precauções<br />

junto <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, dizen<strong>do</strong>-lhe a gravidade da operação,<br />

e a um amigo que pedi me indicasse tu<strong>do</strong> o mais que não<br />

podia n<strong>em</strong> devia dizer ao próprio <strong>do</strong>ente.<br />

O processo que <strong>em</strong>preguei foi o de Gluck e o resulta<strong>do</strong> é o<br />

que os collegas tiveram occasião de ver. A epiglotte ficou e<br />

pode ser vista pelo exame laryngoscopico. Nos primeiros dias<br />

alimentou-se pela sonda; actualmente come, bebe, fuma,<br />

como antes da operação. Empreguei o chloroformio e injecção<br />

de morphina.<br />

Os <strong>do</strong>entes que te<strong>em</strong> soffri<strong>do</strong> a laryngectomia (refiro-me a<br />

observações extrangeiras, nacionaes conhecidas não há) é<br />

certo e notório que s<strong>em</strong> o auxilio de protheses te<strong>em</strong> consegui<strong>do</strong><br />

uma voz b<strong>em</strong> modulada.

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