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Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

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FIGURA 79<br />

PÁGina Da MEDicina cOMTEMPORanEa cOM a POLÉMica<br />

O artigo continua:<br />

“O Sr. Gregório Fernandes protestan<strong>do</strong> contra uma afirmação<br />

de Sant’Anna Leite, diz que há mais de dez anos, fez uma<br />

Atico-Antrectomia num <strong>do</strong>ente <strong>do</strong>s quartos particulares <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de S. José, foi a terceira ou quarta operação desse<br />

género, a primeira entre nós, e está no Jornal da Sociedade.<br />

O <strong>do</strong>ente morreu com um abcesso <strong>do</strong> cérebro. Depois t<strong>em</strong><br />

feito e ajuda<strong>do</strong> a fazer esta operação várias vezes alguns<br />

casos vêm cita<strong>do</strong>s na Tese <strong>do</strong> nosso colega Salinas e sabe<br />

que o Sr. Avelino Monteiro também a t<strong>em</strong> pratica<strong>do</strong> com<br />

bons resulta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> geral.<br />

Quan<strong>do</strong> há abcesso no cérebro a operação é ordinariamente<br />

mal sucedida, o abcesso <strong>em</strong> regra, não se encontra, porque<br />

a sua localização é muito difícil.”<br />

O Dr. Sant’Anna Leite declara que não tinha conhecimento<br />

<strong>do</strong>s casos cita<strong>do</strong>s pelo ora<strong>do</strong>r precedente.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente o assunto parecia ter fica<strong>do</strong> por aqui, mas<br />

na Edição de 14 de Dez<strong>em</strong>bro de 1902 da Medicina Cont<strong>em</strong>porânea,<br />

página 404, encontro um artigo com o título<br />

de “UM CASO DE CHOLESTEATOMA PRIMITIVO DO ANTRO<br />

MASTOIDEU DIREITO - OPERAÇÃO RADICAL” por João<br />

Sant’Anna Leite.<br />

Pelo interesse histórico e médico, vou transcrever os pontos<br />

principais <strong>do</strong> artigo de Sant’Anna Leite:<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 89<br />

“Na última comunicação que fiz à Sociedade das Ciências Médicas<br />

tive a honra de apresentar um <strong>do</strong>ente, que sen<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r<br />

de um tumor deste nome, tinha sofri<strong>do</strong> aquela<br />

operação, conseguin<strong>do</strong> assim a cura. O caso é muito interessante,<br />

não só porque o colesteatoma é raro, mas também porque<br />

foi necessário recorrer a uma operação que representa a<br />

maior intervenção cirúrgica que neste osso <strong>do</strong> crânio, o t<strong>em</strong>poral,<br />

se pode realizar. Este tumor, dá lugar a certa altura da<br />

sua evolução, a uma supuração secundária que resistirá a<br />

qualquer tratamento, enquanto existir o tumor determinante.<br />

A sua principal propriedade é de destruir, por um processo molecular,<br />

as paredes ósseas com que está <strong>em</strong> contacto, e a região<br />

onde se desenvolve explica b<strong>em</strong> como o pus pode ser<br />

leva<strong>do</strong> directamente até às meninges e cérebro, seio lateral<br />

etc. O tumor é portanto maligno pela sua evolução, <strong>em</strong>bora<br />

seja benigno pela estrutura histológica. A operação que fiz”,<br />

continua Sant’Anna Leite “não é, como vulgarmente se costuma<br />

supor, uma trepanação simples que se limita a, incisar<br />

os tegumentos que cobr<strong>em</strong> a apófise mastóideia, destaca a<br />

cortical externa <strong>do</strong> osso e ir até ao antro mastóideu. A operação<br />

radical não consiste nisso, vai mais longe, como adiante<br />

se verá, mas sim <strong>em</strong> esvaziar a apofise e suprimir a parede posterior<br />

e parcialmente a superior <strong>do</strong> Canal Auditivo Externo, fican<strong>do</strong><br />

assim o ouvi<strong>do</strong> médio e as suas dependências<br />

completamente reduzidas a externo. Dai v<strong>em</strong> o chamar-se à<br />

operação ESVAZIAMENTO PETRO-MASTOIDEU.”

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