Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...
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124<br />
O SÉCULO XX<br />
A ESPECIALIDADE<br />
DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />
NO HOSPITAL DE SANTO<br />
ANTÓNIO NA CIDADE<br />
DO PORTO<br />
No século XVIII, D. José I deu ord<strong>em</strong> à Misericórdia <strong>do</strong><br />
Porto para se construir um novo <strong>Hospital</strong> que servisse<br />
condignamente a cidade <strong>do</strong> Porto, da<strong>do</strong> o crescimento<br />
da mesma e a manifesta insuficiência <strong>do</strong> velho HOSPITAL<br />
DE D. LOPO, situa<strong>do</strong> na Rua das Flores. Desde o início se<br />
projectou um edifício magnificente. O projecto inicial de<br />
JOHN CARR cont<strong>em</strong>plava um edifício quadra<strong>do</strong> de quatro<br />
fachadas mas, por falta de recursos, a Misericórdia alterou<br />
o projecto fican<strong>do</strong> então <strong>em</strong> forma de “U”. Devi<strong>do</strong><br />
ao terreno pantanoso escolhi<strong>do</strong> para a construção, tiveram<br />
de ser construí<strong>do</strong>s alicerces fun<strong>do</strong>s e largos, o que<br />
atrasou muito a conclusão da obra.<br />
A primeira pedra foi solen<strong>em</strong>ente lançada <strong>em</strong> 15 de Julho<br />
de 1770 e as obras arrastaram-se por muitos anos por ter<strong>em</strong><br />
atravessa<strong>do</strong> os difíceis perío<strong>do</strong>s das invasões francesas e da<br />
Guerra civil. Com inúmeras dificuldades, entre elas a falta de<br />
meios económicos da Santa Casa da Misericórdia, a obra<br />
final ficou reduzida a <strong>do</strong>is terços da inicialmente projectada,<br />
sen<strong>do</strong> esta orçada <strong>em</strong> 2 milhões de cruza<strong>do</strong>s, por cálculos<br />
de 1791. Em 19 de Agosto de 1799, vinte e nove anos após<br />
o início da construção e com as obras ainda a decorrer, o<br />
HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO recebeu os primeiros<br />
<strong>do</strong>entes transferi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> velho <strong>Hospital</strong> de D. Lopo - 150 mulheres<br />
que foram ocupar a ala sul.<br />
A orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> t<strong>em</strong> uma história: logo<br />
que D. José ordenou a sua construção, sugeriu que a Misericórdia<br />
escolhesse, a votos, o nome de um santo para<br />
o <strong>Hospital</strong>, que ficasse seu patrono e o protegesse. Quatro<br />
propostas surgiram na mesa da Santa Casa da Misericórdia:<br />
S. João de Deus, S. Sebastião, Santo António e S.<br />
José. Na primeira votação, Santo António recebeu mais<br />
votos. Assim nasce o <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António.<br />
FIGURA 124<br />
aRTiGO PUBLicaDO POR TEiXEiRa LOPES<br />
A primeira referência ao serviço de Otorrinolaringologia<br />
no HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO surge relatada na acta<br />
da sessão da Direcção Administrativa de 4 Janeiro de<br />
1909. É explana<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Dr. JOSÉ AUGUSTO VIANA<br />
LEMOS PEIXOTO, Director da Enfermaria 3 (Medicina), no<br />
senti<strong>do</strong> de ser autorizada a abertura de “uma consulta especial<br />
de moléstia de ouvi<strong>do</strong>s, nariz e garganta, com uma<br />
periodicidade de duas ou três vezes por s<strong>em</strong>ana…”.<br />
A decisão foi adiada por dificuldades de instalações, com<br />
a justificação de que seria necessário proceder a melhoramentos<br />
no “Banco”.<br />
A 23 de Outubro de 1909, é finalmente decidi<strong>do</strong> estabelecer<br />
esta Consulta, sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> para a sua direcção<br />
o Dr. TEIXEIRA LOPES.<br />
ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES JÚNIOR nasceu <strong>em</strong> 1873, no<br />
Porto, onde fez os seus estu<strong>do</strong>s, for man<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> 1900 na<br />
antiga Escola Médico-Cirúrgica, com a defesa da dissertação<br />
intitulada “Breve Estu<strong>do</strong> sobre a Dismenorreia e seu Tratamento.”<br />
Nos anos de 1902 e 1903 especializou-se <strong>em</strong><br />
Paris <strong>em</strong> <strong>do</strong>enças da garganta, nariz e ouvi<strong>do</strong>s, trabalhan<strong>do</strong><br />
no <strong>Hospital</strong> de Saint-Antoine, sob a direcção <strong>do</strong><br />
<strong>Prof</strong>. Lermoyez, e nas clínicas <strong>do</strong>s Drs. Lubet, Burhon e Luc.<br />
De regresso ao Porto, consagrou-se à clínica da sua especialidade,<br />
conquistan<strong>do</strong> a reputação que lhe valeu ser encarrega<strong>do</strong>,<br />
<strong>em</strong> 1910, de instalar no <strong>Hospital</strong> Geral de<br />
Santo António o Serviço Especial de Otorrinolaringologia,<br />
fican<strong>do</strong> seu director interino até 1913, ano <strong>em</strong> que, após<br />
concurso, foi nomea<strong>do</strong> Director efectivo, lugar que ocupou<br />
durante mais de vinte anos, e pelo exercício <strong>do</strong> qual<br />
recebeu louvores da mesa da Santa Casa da Misericórdia,<br />
administra<strong>do</strong>ra daquele estabelecimento hospitalar.<br />
Em 1920, por indicação <strong>do</strong> Conselho da Faculdade de<br />
Medicina <strong>do</strong> Porto, foi contra ta<strong>do</strong> para reger o curso de<br />
Otorrinolaringologia, reno van<strong>do</strong>-se esse contrato <strong>em</strong> anos<br />
sucessivos, sen<strong>do</strong> o responsável pelo ensino até 1936.<br />
Colaborou nas revistas Medicina Moderna, Porto Médico,<br />
Gazeta <strong>do</strong>s Hospitais <strong>do</strong> Porto e <strong>Portugal</strong> Médico, realizan<strong>do</strong><br />
conferências sobre assuntos da especialidade na Associação<br />
Médica Lusitana, na Faculdade de Medicina e no <strong>Hospital</strong><br />
de Santo António.<br />
Publicou um grande número de trabalhos entre os quais:<br />
“Corpos estranhos da hipo faringe e <strong>do</strong> esófago - Princípios<br />
gerais <strong>em</strong> que assenta a sua extracção”; “Complicações<br />
intra-cranianas das otites. Um caso de abcesso <strong>do</strong> cérebro,<br />
operação e cura”; “Pólipos da faringe-laríngea”; “Epistaxis”;<br />
“ Mastoidites nos Diabéticos”; “Um caso de laringocelo - Algumas<br />
considerações sobre a sua patogenia”; “Crítica de um<br />
exame judicial - A surdez e o acto de testar” etc.<br />
Depois desta pequena biografia de Teixeira Lopes, volto<br />
ao <strong>Hospital</strong> de Santo António.<br />
Em 7 de Fevereiro de 1913 o Dr. Aleixo Guerra apresenta<br />
a sua pretensão de exercer a especialidade de Otorrinolaringologia<br />
no <strong>Hospital</strong> de Santo António:<br />
“Ten<strong>do</strong> eu <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> para me aperfeiçoar no estrangeiro,<br />
no exercício da clínica especial das <strong>do</strong>enças de ouvi<strong>do</strong>s, nariz