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Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

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200 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

“A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl” (SuBSÍ-<br />

DiOS pArA A SuA HiStÓriA).<br />

Da introdução deste livro transcrevo as palavras, <strong>do</strong> Dr.<br />

Campos Henriques:<br />

“Por honrosa incumbência da Sociedade Portuguesa de<br />

Otorrinolarinologia e de Patologia Cérvico-Facial, tomei a<br />

meu cargo a elaboração deste trabalho, saben<strong>do</strong> de ant<strong>em</strong>ão,<br />

que tarefa de tal monta não estaria isenta de dificuldades<br />

e de limitações, tanto mais que, não sen<strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r,<br />

facilmente se notará a desproporção que existe entre a importância<br />

<strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e a insuficiência <strong>do</strong> autor.<br />

Não preten<strong>do</strong> ter esgota<strong>do</strong> o assunto, ten<strong>do</strong>-me limita<strong>do</strong> a<br />

compilar el<strong>em</strong>entos que me foram amavelmente forneci<strong>do</strong>s<br />

pelos Colegas que corresponderam ao meu pedi<strong>do</strong> de informações.<br />

Nenhum trabalho desta natureza está isento de erros ou de<br />

incorrecções, mas espero que eles me sejam revela<strong>do</strong>s e faço<br />

votos para que o prazer que me proporcionou a sua redacção<br />

venha a ser partilhada por qu<strong>em</strong> o ler e que este esboço<br />

da História da <strong>ORL</strong> Portuguesa se revele útil para qu<strong>em</strong> pretenda<br />

conhecer um pouco melhor as origens da Especialidade<br />

que pratica e os seus pioneiros entre nós.”<br />

nesta Ass<strong>em</strong>bleia foram propostos e aprova<strong>do</strong>s, por unanimidade,<br />

os seguintes novos Sócios Honorários:<br />

- prof. Dr. Afonso Ferreira da Costa<br />

- Dr. José António Campos Henriques<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> navarro gimenez<br />

- prof. Dr. Casimiro del Canizo Suarez<br />

- Dr. george guillen<br />

Foi também <strong>em</strong> 1982 que o Dr. António pinho e melo,<br />

tomou a iniciativa de criar o “COmitÉ” pOrtuguÊS DE<br />

AuDiO-FOnOlOgiA que teria como presidente o Dr. Campos<br />

Henriques (que não pôde aceitar), fian<strong>do</strong> o prof. rui<br />

penha como presidente e como Secretário-geral, o próprio<br />

Dr. pinho e melo. no entanto, o Comité português de<br />

Audio-Fonologia, cuja designação definitiva foi ASSOCiA-<br />

ÇÃO pOrtuguESA DE AuDiO-FOnOlOgiA, realizou <strong>em</strong><br />

portugal a reunião <strong>do</strong> BiAp (Bureau International d’Audio-<br />

Phonologie) de 1983, que teve lugar <strong>em</strong> lagos.<br />

por parte de portugal, foi m<strong>em</strong>bro funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> BiAp o<br />

professor de Sur<strong>do</strong>s-mu<strong>do</strong>s, o Dr. Cruz Filipe.<br />

O primeiro médico português m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> BiAp foi o Dr.<br />

Campos Henriques, que nele ingressou <strong>em</strong> 1976, a convite<br />

<strong>do</strong> prof. mounier-Kuhn de lyon e <strong>do</strong> Dr. reynier de<br />

lausanne.<br />

no dia <strong>do</strong> Jubileu <strong>do</strong> Dr. José António Campos Henriques,<br />

<strong>em</strong> Janeiro de 1983, o Dr. Francisco Silva Alves efectuou<br />

uma palestra que foi mais tarde publicada na revista portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia no número de maio de<br />

1987 - Vol XXV-1. Dada a sua importância para a História da<br />

Otorrinolaringologia portuguesa, trancrevo-a na íntegra:<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA pOrtuguESA<br />

DO pASSADO pOr FrAnCiSCO DA SilVA<br />

AlVES<br />

“O dia <strong>do</strong> limite de idade, t<strong>em</strong> duas facetas: uma triste, a de<br />

nos sentirmos um pouco marginaliza<strong>do</strong>s e outra, alegre, a<br />

de termos a satisfação de atingir esse dia, o que n<strong>em</strong> a to<strong>do</strong>s<br />

Deus permite. E essa alegria é maior ou menor, conforme o<br />

cenário onde esse dia se passa e este, Campos Henriques, é<br />

de molde a dar-lhe muita alegria.<br />

A Otorrinolaringologia portuguesa <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>do</strong> presente<br />

e <strong>do</strong> futuro foi o t<strong>em</strong>a feliz escolhi<strong>do</strong> para esta reunião pois<br />

você, Campos Henriques, viveu ainda um pouco a Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, viveu plenamente a <strong>do</strong> presente e<br />

t<strong>em</strong> condições físicas e psíquicas para enfrentar a <strong>do</strong> futuro.<br />

Deve-se considerar Francisco Avelino Monteiro, o pioneiro<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e cabe-lhe o mérito de<br />

ter efectua<strong>do</strong> a primeira laringectomia no nosso país. Todavia<br />

foi nas duas gerações seguintes que a Especialidade se<br />

individualizou, graças à acção de Manuel Leite Valadares,<br />

João Santana Leite, Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça, Ary <strong>do</strong>s Santos<br />

(pai) e Carlos de Melo; e neste grupo é de inteira justiça<br />

destacar a personalidade de Alberto Men<strong>do</strong>nça nessa tarefa.<br />

Penso que Carlos de Melo, dadas as suas qualidades pessoais,<br />

poderia ter influencia<strong>do</strong> muito mais a especialidade,<br />

se a morte o não tivesse ceifa<strong>do</strong> tão ce<strong>do</strong>.<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça, foi inicialmente Cirurgião <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de Lisboa, enveredan<strong>do</strong> depois para a Otorrinolaringologia<br />

que graças à sua acção muito se desenvolveu. Trabalhei<br />

intensamente com ele cerca de 5 anos e por isso posso descrevê-lo<br />

como um hom<strong>em</strong> de carácter duro, mas bon<strong>do</strong>so, cirurgião<br />

seguro, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> perfeitamente toda a cirurgia da<br />

Especialidade dessa época, crian<strong>do</strong> facilmente discípulos,<br />

mais pelo ex<strong>em</strong>plo que pela palavra. Íntegro e justo, tinha todavia<br />

<strong>do</strong>is grandes defeitos, um como hom<strong>em</strong> e outro como<br />

cirurgião. Nas suas relações humanas era duro com o próximo<br />

e vários episódios poderia relatar, mas limito-me a descrever<br />

o nosso primeiro encontro.<br />

No 2° ano <strong>do</strong> meu Internato Geral decidi concorrer a Otorrinolaringologia<br />

e procurei-o, pedin<strong>do</strong>-lhe autorização para estagiar<br />

no seu Serviço. Declinan<strong>do</strong> a minha qualidade de Interno,<br />

recebi como resposta: “não tenho nada com isso”. Acrescentei<br />

ser minha intenção concorrer a Otorrinolaringologia e ele próprio<br />

rápi<strong>do</strong>, objectou: “E só agora aparece?”<br />

Justifiquei-me com a obrigatoriedade de estar nos Serviços Gerais<br />

e novamente respondeu: “não tenho nada com isso.” Nesta<br />

altura eu gaguejava mais que nunca e irrita<strong>do</strong> respondi:<br />

Procurei-o por uma questão de delicadeza, mas <strong>em</strong> face<br />

disto vou entregar o meu requerimento para V. Exa informar.<br />

Resposta rápida: “informarei conforme a disposição desse<br />

dia.” Claro está, a informação foi favorável e ulteriormente<br />

tu<strong>do</strong> correu b<strong>em</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprovada por unanimidade<br />

pelo júri a que Alberto Men<strong>do</strong>nça presidiu.

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