Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...
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FIGURA 66<br />
“MEDicina cOnTEMPORanEa” DE 11 DE aGOSTO DE 1895<br />
iMaGEM DO TUMOR<br />
Durante o Ano de 1890 apenas uma referência aos ouvi<strong>do</strong>s,<br />
sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> o caso de uma complicação de uma<br />
Otite Média, num <strong>do</strong>ente com cefaleias, vómitos, náuseas<br />
e vertigens, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> feita uma trepanação intracraniana<br />
e punciona<strong>do</strong> o lóbulo direito <strong>do</strong> cerebelo, de onde<br />
saiu um pus féti<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> deixa<strong>do</strong> um dreno; infelizmente<br />
o <strong>do</strong>ente que pareceu ter uma melhoria nas primeiras<br />
horas, faleceu no dia seguinte.<br />
Em 18 de Outubro de 1891, no ano IX, nº 42 desta revista<br />
surge um artigo, de J. Theotónio da Silva, intitula<strong>do</strong> “GAR-<br />
ROTILHO, TRACHEOTOMIA, CURA”, onde descreve um<br />
caso de Crup laríngeo <strong>em</strong> que realizou uma traqueotomia<br />
numa criança de 5 anos. A curiosidade <strong>do</strong> caso refere-se<br />
à utilização <strong>do</strong> clorofórmio, diz Theotónio da Silva:<br />
“Porque <strong>em</strong>preguei neste caso o chlorofórmio, que até agora<br />
nunca tinha usa<strong>do</strong> nas outras 22 operações de tracheotomia<br />
que praticava desde 1851?” Em <strong>Portugal</strong> já era desde<br />
1846, <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> o ether sulfúrico e desde 1847, o chlorofórmio<br />
<strong>em</strong> todas as operações, sobretu<strong>do</strong> nas de alta cirurgia.<br />
No entanto, nas crianças, eu não me atrevia a usar<br />
narcóticos e mais tarde não anestesiei os meus operan<strong>do</strong>s,<br />
porque notei que os meus <strong>do</strong>entes que estavam na 3ª fase<br />
<strong>do</strong> Crup não davam mostras de sensibilidade no pescoço, interroga<strong>do</strong>s<br />
depois da operação, disseram que nenhuma <strong>do</strong>r<br />
tinham senti<strong>do</strong>.”<br />
No entanto, neste caso, como as falsas m<strong>em</strong>branas foram<br />
muito precoces, Theotónio decidiu avançar para traqueotomia<br />
antes da anestesia própria da 3ª fase <strong>do</strong> Crup,<br />
pelo que anestesiou a criança. O artigo termina com uma<br />
estatística das traqueotomias realizadas por Crup <strong>em</strong> Por-<br />
A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 81<br />
tugal, segun<strong>do</strong> um artigo <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. António Maria Barbosa<br />
<strong>em</strong> 1873, ou seja, 16 anos antes:<br />
“Na sessão de Junho de 1873, o <strong>Prof</strong>essor Barbosa comunicou<br />
que tinha reduzi<strong>do</strong> 23 traqueotomias com 9 casos de<br />
cura e que Theotónio tinha realiza<strong>do</strong> 21 casos com 8 de cura,<br />
termina referin<strong>do</strong> que tinha conhecimento de que até<br />
aquela data, mais 15 operações de traqueotomia realizadas<br />
por outros colegas, nas quais 4 resultaram <strong>em</strong> cura, <strong>em</strong> que<br />
foram opera<strong>do</strong>res Henriques Teixeira, Jorge Gualdino Carvalho,<br />
Teixeira Marques e Alves Branco.”<br />
O artigo continua dizen<strong>do</strong> que o Dicionário Déchambre<br />
<strong>em</strong> França, referin<strong>do</strong>-se à estatística Portuguesa, achava<br />
que os da<strong>do</strong>s eram pouco fiáveis, contrapon<strong>do</strong> Theotónio<br />
com erros no artigo e mostran<strong>do</strong> uma falsa estatística<br />
publicada <strong>em</strong> França sobre o cancro <strong>do</strong> colo <strong>do</strong> útero <strong>em</strong><br />
que o autor duplicou os da<strong>do</strong>s, foi desmenti<strong>do</strong> e nunca<br />
contrapôs argumentos. Eram assim, na época, as polémicas<br />
sobre números e resulta<strong>do</strong>s.<br />
OUTRAS PUBLICAÇÕES<br />
NA ÁREA DA<br />
OTORRINOLARINGOLOGIA<br />
NO FINAL DO SÉCULO XIX<br />
É no final da década de 80 <strong>do</strong> século XIX que vão começar<br />
a aparecer, com mais regularidade, artigos relaciona<strong>do</strong>s<br />
com a Otorrinolaringologia, escritos por autores Portugueses.<br />
No Jornal da Sociedade das Ciências Médicas e na Medicina<br />
Cont<strong>em</strong>porânea, iam surgin<strong>do</strong>, de forma muito<br />
regular, as novidades nesta área, mas traduzidas principalmente<br />
<strong>do</strong>s Jornais Franceses. Igualmente, nas Faculdades<br />
de Medicina, surgiam Dissertações Inaugurais sobre esta<br />
área. Tive acesso a duas da Escola Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Porto<br />
e duas da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.<br />
Em 1888, é publicada uma Dissertação Inaugural da Escola<br />
Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Porto, apresentada por PEDRO NUNES<br />
DE SOUSA sobre “RESSECÇÃO DO MAXILAR SUPERIOR.”<br />
Em 1889, uma das Dissertações apresentadas nesse ano à<br />
Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa é sobre “OTITE MÉDIA<br />
PURULENTA E SEU TRATAMENTO”, por FREDERICO GUI-<br />
LHERME TEIXEIRA BASTOS. Na sua Dissertação fala de vários<br />
Médicos estrangeiros, como Politzer, Wilde, Troelstch,<br />
Toynbee, Schwartze, discutin<strong>do</strong> os vários tratamentos,<br />
que estes autores <strong>em</strong>pregavam. Nos casos clínicos, refere<br />
de início um caso <strong>do</strong> Dr. LUIZ DA CÂMARA PESTANA, que<br />
só se levantou no 60º dia e ficou curada ao 95º dia da<br />
<strong>do</strong>ença. Depois de vários casos pessoais descreve um<br />
caso numa <strong>do</strong>ente <strong>do</strong> Dr. Gregório Fernandes, que realizou<br />
uma Paracentese <strong>do</strong> Tímpano com uma faca utilizada<br />
para as Cataratas. Termina com um agradecimento ao Dr.<br />
Gregório Fernandes, que pôs à sua disposição os livros<br />
que precisava de consultar e lhe tinha forneci<strong>do</strong> <strong>do</strong>entes<br />
da sua Enfermaria.