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Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

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FigurA 243<br />

O DR. SILVA ALVES COM O DR. CAMPOS HENRIQUES EM CASTELO BRANCO EM 1957<br />

Como Cirurgião, Alberto Men<strong>do</strong>nça era um excelente opera<strong>do</strong>r,<br />

mas facilmente se descontrolava, se o <strong>do</strong>ente sangrava<br />

d<strong>em</strong>asia<strong>do</strong>. Certo dia ao amigdalectomisar um<br />

adulto, o sangue jorrava abundant<strong>em</strong>ente e Men<strong>do</strong>nça gesticulava<br />

e barafustava <strong>em</strong> altos gritos, pedin<strong>do</strong> isto e mais<br />

aquilo à Enfermeira, a bon<strong>do</strong>sa Jesuvina, que calma, mas<br />

um pouco irada, resmungava: “ele devia ser mulher, pois<br />

assim já estava habitua<strong>do</strong> a ver sangue”...<br />

A Otorrinolaringologia <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> era essencialmente clínica<br />

e objectiva, vasta e proteiforme, visto o seu campo de acção se<br />

estender desde o encéfalo até às vias aero-digestivas.<br />

Nas primeiras décadas deste século a patologia da Especialidade<br />

era <strong>do</strong>minada pelas afecções inflamatórias <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

médio e suas complicações e secundariamente pela patologia<br />

naso-sinusal e da faringe. Na década de 30, no Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> de S. José era frequente efectuar-se 20 a 30 intervenções<br />

sobre a mastoideia por mastoidite aguda ou por complicações<br />

da otite média crónica, geralmente colesteatomatosa,<br />

sen<strong>do</strong> as mais frequentes a tromboflebite <strong>do</strong> seio lateral e<br />

mais raramente o abcesso encefálico.<br />

Permito-me citar algumas afecções graves e hoje já desaparecidas,<br />

como a angina de Ludwig (fleimão <strong>do</strong> pavimento<br />

bucal) e a tromboflebite <strong>do</strong> seio cavernoso, consecutiva a um<br />

furúnculo da asa <strong>do</strong> nariz. Eram afecções muito raras, mas<br />

tive ocasião de as observar.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Na patologia da Especialidade tinha lugar de relevo o corpo<br />

estranho das vias aéreas e digestivas, muito mais graves nos<br />

primeiros, quan<strong>do</strong> localiza<strong>do</strong>s nos brônquios.<br />

Nessa época não havia viroses e a alergia era uma entidade<br />

s<strong>em</strong>i-desconhecida, exceptuan<strong>do</strong> a “rinite espamódica primaveril”.<br />

Como disse, a Especialidade nos seus primeiros t<strong>em</strong>pos, era<br />

essencialmente objectiva e praticamente não se faziam exames<br />

funcionais. Em S. José havia apenas <strong>do</strong>is diapasões e<br />

quan<strong>do</strong> era necessário efectuar um exame pericial, Alberto<br />

Men<strong>do</strong>nça, trazia <strong>do</strong> seu consultório o material “sofistica<strong>do</strong>”<br />

da época: um jogo completo de diapasões, o apito de Galton,<br />

o monocórdio de Struyken e uma espécie de campaínha,<br />

cujo nome e função nunca soube.<br />

Não havia também material para efectuar exames vestibulares,<br />

apesar de Alberto Men<strong>do</strong>nça se ter dedica<strong>do</strong> muito aos<br />

exames labirínticos, dadas as suas funções no <strong>Hospital</strong> Militar<br />

da Estrela, ten<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> vários trabalhos sobre esta matéria,<br />

um <strong>do</strong>s quais, <strong>em</strong> 1924, na Revue d’Oto-neuro-acustique,<br />

de Strasbourg, intitula<strong>do</strong>: “Exame da Função <strong>do</strong>s Canais s<strong>em</strong>i-<br />

-circulares”. Em S. José limitávamo-nos a irrigar lentamente o<br />

ouvi<strong>do</strong> com água fria (20°) durante cerca de 1 minuto e a observar<br />

o nistagmos e sua duração, nas várias posições da cabeça.<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça, com efeito não dava valor ao volume<br />

da água utilizada, n<strong>em</strong> à duração da irrigação.<br />

201

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