Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...
Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...
Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
FIGURA 57<br />
O PROF. anTÓniO MaRia BaRBOSa (1825 - 1892), cOnSiDERaDO UM DOS<br />
MaiORES iMPULSiOnaDORES Da ciRURGia EM PORTUGaL<br />
É também ANTÓNIO MARIA BARBOSA que, <strong>em</strong> 1862, realiza,<br />
pela primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, no <strong>Hospital</strong> de S. José,<br />
a ressecção de to<strong>do</strong> o maxilar superior <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito,<br />
conforme v<strong>em</strong> escrito no Jornal da Sociedade das Ciências<br />
Médicas de Nov<strong>em</strong>bro de 1862.<br />
Considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores impulsiona<strong>do</strong>res da Cirurgia<br />
<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ANTÓNIO MARIA BARBOSA, foi a to<strong>do</strong>s<br />
os títulos, um brilhante pioneiro.<br />
Nasci<strong>do</strong> na ilha <strong>do</strong> Faial a 12 de Julho de 1825, António<br />
Maria Barbosa cursou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa,<br />
ten<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre louvor nos exames, e alcançan<strong>do</strong> prémios<br />
<strong>em</strong> seis das nove cadeiras que constituíam o curso.<br />
Foi-lhe passada a carta de Médico-cirurgião <strong>em</strong> 7 de Outubro<br />
de 1850. Foi nomea<strong>do</strong> cirurgião <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> hospital<br />
de S. José <strong>em</strong> 3 de Fevereiro de 1855, director <strong>do</strong><br />
mesmo Banco <strong>em</strong> 4 de Agosto <strong>do</strong> mesmo ano. Foi nomea<strong>do</strong><br />
primeiro substituto da Escola Médico-Cirúrgica de<br />
Lisboa, <strong>em</strong> 3 de Set<strong>em</strong>bro de 1859, lente proprietário <strong>em</strong><br />
20 de Agosto de 1863 (Anatomia Patológica e Medicina<br />
Operatória), cirurgião efectivo da Real Câmara <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />
de São José e da Misericórdia, director <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />
<strong>Hospital</strong> de São José e das Enfermarias de Santo António<br />
e de Santa Quitéria, respectivamente, nos Hospitais de<br />
São José e de Dona Estefânia.<br />
A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 73<br />
Foi nomea<strong>do</strong> Médico honorário <strong>do</strong> Paço Real, por serviços<br />
presta<strong>do</strong>s na última <strong>do</strong>ença da rainha D. Estefânia (A rainha<br />
faleceu muito jov<strong>em</strong>, apenas um ano depois de ter<br />
chega<strong>do</strong> a <strong>Portugal</strong> e de ter casa<strong>do</strong> com o Rei D. Pedro V).<br />
António Maria Barbosa foi agracia<strong>do</strong> com as ordens de<br />
Cristo, Torre e Espada, Santiago, Legião de Honra (França),<br />
Isabel, a Católica (Espanha), Rosa (Brasil), Gustav Wasa (Suécia),<br />
S. Maurício e de S. Lázaro (ambas da Itália) e a medalha<br />
municipal da Febre-amarela.<br />
Foi presidente da Sociedade de Ciên cias Médicas e um<br />
profícuo escritor médico, ten<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> cerca de uma<br />
centena de obras, entre as quais se destacam: “Ensaio<br />
sobre a cólera-epidémica”, “Dissertação sobre o tratamento<br />
<strong>do</strong>s apertos orgânicos da uretra”, “Estu<strong>do</strong>s sobre o<br />
garrotilho”, “Nota sobre a ovariotomia”, “Aneurisma da<br />
aorta peitoral descendente”, “Cancro encefalóide das partes<br />
moles <strong>do</strong> braço direito”, “Ampu tação, diagnóstico e curabilidade<br />
<strong>do</strong> cancro e úlcera cancróide <strong>do</strong> lábio superior,<br />
Extirpação.”<br />
António Maria Barbosa faleceu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 8 de Julho<br />
de 1892.<br />
No Catálogo <strong>do</strong> leilão da Biblioteca <strong>do</strong> Dr. António Maria<br />
Barbosa (muito rico, como era de esperar, <strong>em</strong> <strong>Livro</strong>s de<br />
Medicina), que se realizou <strong>em</strong> 1893, destaco com o Nº<br />
277, o livro <strong>do</strong> Dr. Morell Mackenzie sobre Doenças da Laringe,<br />
publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1882. Com o Nº 305, o livro de Adam<br />
Politzer, “Traité des Maladies de L’oreille”, traduzi<strong>do</strong> <strong>do</strong> al<strong>em</strong>ão<br />
<strong>em</strong> 1884 e os livros de Toynbee (Nº 366), “Maladies de<br />
L’oreille”, de 1874 e de Anton Von Troltsch (Nº 369), “Traité<br />
des Maladies de L’oreille”, de 1870.<br />
Isto prova o interesse <strong>em</strong> estar efectivamente muni<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
melhores Trata<strong>do</strong>s de Otorrinolaringologia que existiam<br />
nessa época.<br />
Em 1855 vai surgir um artigo de ANTÓNIO MARIA BARBOSA<br />
sobre “GARROTILHO – TRACHEOTOMIA NO PERÍODO AP-<br />
NEICO - CURA”, que veio inseri<strong>do</strong> <strong>em</strong> duas publicações distintas,<br />
no Jornal da Sociedade de Ciências Médicas e na<br />
Gazeta Médica de Lisboa - 1ª Série, Tomo 3º, 3º Ano, nº 64<br />
de 16 de Set<strong>em</strong>bro de 1855. Termina o artigo com a descrição<br />
da anatomia da região <strong>em</strong> que praticou a traqueotomia.<br />
Finalmente faz uma descrição de técnica utilizada<br />
que, por curiosidade histórica, vamos transcrever:<br />
“Processo de Tracheotomia <strong>em</strong>pregada: Os instrumentos de<br />
que nos servimos, que faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong>s que t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> uma<br />
caixa especial no Banco <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, feita numa<br />
oficina <strong>do</strong> Sr. António Polycarpo, foram os seguintes: três escalpelos<br />
pequenos, um convexo, um recto pontiagu<strong>do</strong> e um<br />
de botão, ligeiramente curvo sobre o corte; uma sonda de<br />
rego; um estilete agulha; uma pinça de dissecção; um tenáculo<br />
agu<strong>do</strong>; <strong>do</strong>is rombos; um dilata<strong>do</strong>r de Trousseau; a cânula<br />
<strong>do</strong>brada de Borgelot, linhas enceradas e esponjas<br />
(como nesta época não havia aspiração eram utilizadas esponjas<br />
para absorver o sangue).