18.04.2013 Views

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

168 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

A parte que eu considero mais interessante <strong>do</strong> artigo <strong>em</strong><br />

termos históricos é o capítulo final <strong>em</strong> que guilherme<br />

penha afirma:<br />

“Ultimamente t<strong>em</strong>os procura<strong>do</strong> acompanhar as modernas<br />

orientações da cofocirurgia que completam e mesmo dispensam,<br />

com enorme vantag<strong>em</strong>, a fenestração, t<strong>em</strong>os desta<br />

operação uma prática que v<strong>em</strong> desde a nossa ida aos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1946. Com efeito, logo que a fenestração se<br />

começou a difundir, fomos fazer um largo estágio naquele<br />

país.” Refere depois os locais por onde passou: “Depois de<br />

frequentarmos regularmente o Curso de L<strong>em</strong>pert no seu Endaural<br />

Institut de Nova Iorque, visitámos os Serviços de<br />

Shambaugh <strong>em</strong> Chicago, as clínicas <strong>do</strong>s <strong>Prof</strong>essores Schall e<br />

Meltzer no Massachussets Eye and Ear Infirmary, de Boston.<br />

O Dr. Howard House de Los Angeles, e <strong>em</strong> Washington, a clínica<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Proetz, onde trabalhámos <strong>em</strong> íntima colaboração<br />

com os cientistas Hallowel Davis e Silverman no modelar<br />

“Central Institute for the Deaf” e ainda fomos à Clínica Mayo<br />

visitar os serviços de Williams e Figi. De regresso a Coimbra<br />

e prepara<strong>do</strong> o serviço para esta nova cirurgia e pretenden<strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>ptar a via Endaural que aprendêramos, tiv<strong>em</strong>os a maior<br />

prudência na selecção de casos para esta técnica, relativamente<br />

mal conhecida na Europa.<br />

Ten<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong> a primeira fenestração, seguin<strong>do</strong> a técnica<br />

de L<strong>em</strong>pert-Shanbaug, tal como já publicámos (no artigo-<br />

Contribuição para o tratamento da Surdez - Coimbra Editora<br />

-1950), limitar-nos-<strong>em</strong>os a registar os casos opera<strong>do</strong>s por<br />

nós há cerca de 8 anos.”<br />

Como este artigo foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1856 - concluo que guilherme<br />

penha efectuou as primeiras Fenestrações <strong>em</strong> 1948,<br />

logo terá si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s primeiros a fazê-lo <strong>em</strong> portugal.<br />

Ainda no nº 9 é publica<strong>do</strong> o Discurso inaugural <strong>do</strong> Biénio<br />

académico 1955/1957 da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Bronco-Esofagologia pelo Dr. Jaime<br />

de magalhães.<br />

um artigo que penso ser notável, pois d<strong>em</strong>onstra o espírito<br />

que possuíam os pioneiros da nossa Sociedade, é o<br />

artigo <strong>do</strong> Dr. AFOnSO DE pAiVA (1914 - 2010) incluí<strong>do</strong> na<br />

mesma revista “ClÍniCA, HigiEnE E HiDrOlOgiA” o nº 9<br />

de Set<strong>em</strong>bro de 1956 (Ano XXii), intitula<strong>do</strong>:<br />

“PORQUE APLAUDO A CRIAÇÃO<br />

DA NOSSA SOCIEDADE”<br />

“S<strong>em</strong> visos da falsa modéstia e s<strong>em</strong> qualquer espécie de ironia,<br />

reconheço s<strong>em</strong> esforço, franca e honestamente, que me foi<br />

concedi<strong>do</strong> um extraordinário privilégio, só por ter vin<strong>do</strong> dizer<br />

a esta sessão algumas palavras de elogio, sobre as virtudes e as<br />

vantagens que representa para to<strong>do</strong>s, a nossa Sociedade, a<br />

Jov<strong>em</strong> “Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e<br />

Bronco-Esofagologia” mas e sobr<strong>em</strong>aneira, para aqueles que<br />

viv<strong>em</strong>os fora e longe, <strong>do</strong>s grandes centros, afasta<strong>do</strong>s, portanto,<br />

<strong>do</strong>s meios científicos e mesmo técnicos, onde, anteriormente,<br />

não chegava o grão da cultura deste ramo da Medicina portuguesa<br />

e muito menos aquela necessária curiosidade de<br />

saber, e a indispensável inquietação espiritual ou ânsia que<br />

FigurA 186<br />

DR. AFONSO PAIVA (1914 - 2010)<br />

atiça a inteligência, através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> teórico e prático - observan<strong>do</strong><br />

e experimentan<strong>do</strong>...<br />

Constrangi<strong>do</strong>, porêm, aceitei o pesa<strong>do</strong> privilégio, porquanto,<br />

<strong>em</strong> verdade, sinto não possuir estilo harmonioso, elegante e<br />

simples, capaz de poder captar a atenção de V. Ex.as deleitan<strong>do</strong>-os<br />

um pouco é n<strong>em</strong> ao menos saber suprir com astuta<br />

ou brilhante dialética a <strong>do</strong>utrina, das sínteses das grandes<br />

ideias e <strong>do</strong>s básicos princípios, das ciências e das artes.<br />

Ai de mim, na<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> um <strong>do</strong>s contrafortes da Estrela,<br />

agarra<strong>do</strong> à terra e desta não poder voar às alturas que as<br />

águias ating<strong>em</strong> rústico campesino, a enfrentar um selecto<br />

auditório que me confunde e me at<strong>em</strong>oriza.<br />

Que b<strong>em</strong> que mal, e porque não me foi possível recusar a distinção<br />

e honra que me concederam, eis-me chega<strong>do</strong> a esta<br />

sala e a este ambiente de claridade e de altitude, nesta cidade<br />

das sete colinas, onde a terra acaba e o mar começa. Fujo ou<br />

tento fugir, <strong>do</strong>s abismos vertiginosos, das neves, que me cercam<br />

e já agora começam a amortalhar as ravinas e os cumes<br />

das montanhas, da solidão <strong>do</strong>s longos espaços, procuran<strong>do</strong><br />

caminhar por esta estrada que me liga ao mun<strong>do</strong>.<br />

Desculpe-se e tolere-se, por isso, o bisonho palra<strong>do</strong>r que promete<br />

ser breve e o menos maça<strong>do</strong>r possível<br />

Os probl<strong>em</strong>as que transcend<strong>em</strong> a própria Ética profissional<br />

preocupam-me; há manifestadas inquietações na minha<br />

alma uma tendência amorosa me inspira a fazer mais e melhor,<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> um crescente elevação moral, mais ou<br />

menos inteligível e entendida, mais ou menos conceituosa<br />

e formal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!