18.04.2013 Views

Iracema, mon amour - Cabine Cultural

Iracema, mon amour - Cabine Cultural

Iracema, mon amour - Cabine Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em 180 toneladas. A muralha segue uma forma semicircular, com muitas arestas<br />

pontiagudas, como se fosse a boca aberta de um puma, com os dentes à mostra.<br />

Apesar da destruição sistemática promovida pelos exploradores, as ruínas<br />

estão muito bem conservadas. Ficamos conversando e imaginando como seria<br />

Saqsaywaman completa, antes da chegada dos espanhóis. Durante a visita às<br />

imensas escadarias das ruínas, eu, Anselmo e Breno nos sentamos e iniciamos<br />

uma conversa muito franca. O clima de sentimentalismo, busca interior e redenção<br />

não estava apenas na minha cabeça, atingiu a todos. Pedro chegou um pouco<br />

depois e conversamos sobre decepções amorosas, arrependimentos, planos<br />

malfadados e saudades. A conversa final foi o último estágio da minha purificação.<br />

Um expurgo. Eliminou, como do meu dedo, o pus da minha alma. Sentia-me leve,<br />

exausto e apaixonado. Não me restavam mais dúvidas, a Marina era a pessoa que<br />

eu queria que tivesse ao meu lado naquele momento. Voltamos ao hotel dividindo<br />

um táxi. Eu trajava uma dessas calças de material sintético, leves e quentes. Seus<br />

bolsos eram lisos e pouco confiáveis, já haviam me deixado na mão em outra<br />

oportunidade. Aconteceu que meus óculos escuros deslizaram do bolso direto<br />

para o banco, e de lá, encarregaram-se de deixar-se cair no chão do carro; não<br />

contente ainda, chutei-os para debaixo do banco do motorista. Pronto, estavam<br />

devidamente escondidos. Só me dei conta quando cheguei ao hotel, por muita<br />

sorte, tínhamos pegado o número do celular do taxista para eventualmente<br />

utilizarmos seu serviço no dia seguinte, na ida para o terminal, de mala e cuia. Saí<br />

do hotel e liguei para o maluco. A conversa em portunhol ao telefone foi bem<br />

truncada, mas ele entendeu e, muito solícito, disse que retornaria exatamente no<br />

mesmo local onde tinha nos deixado há uns 15 minutos atrás. Voltou e recuperei<br />

minhas gafas, como eles dizem. A sorte, desta vez, prevaleceu. Hotel. Banho.<br />

Janta. Internet. Diário. E cama. Foi um dia especial. Amanhã iniciaremos a jornada<br />

para Machu Picchu. O auge da viagem, o apogeu do que restou da cultura inca.<br />

Estou ansioso. Estou feliz. E meu dedo, que vazou o dia inteiro, de noite estava<br />

são.<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!