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Iracema, mon amour - Cabine Cultural

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um suco com gosto industrializado, bem artificial. A disparidade é abissal, um<br />

contraste até mais violento que em cidades brasileiras.<br />

A pousada de mochileiros estava lotada. Fomos bem recebidos e nos<br />

disseram que ao lado havia uma senhora vizinha que locava quartos para<br />

viajantes. Acabou saindo mais barato e melhor que a pousada, com um quarto<br />

com banheiro privado e uma área de serviço com máquina de lavar roupas. A<br />

simpática senhora atendia pelo nome de Maria Noriega e sua casa era incrustada<br />

entre a pousada e um prédio de três andares. O vão livre era uma vila fechada,<br />

com portão independente, e além da casa de Maria Noriega, havia também mais<br />

umas quatro ou cinco outras. Saímos para trocar dinheiro e fazer compras no Sta.<br />

Isabel, que é uma rede de supermercados que muito se parece com a rede Pão<br />

de Açúcar, que por sua vez, assemelha-se muito à rede Carrefour... É a tal<br />

globalização, não é? Homogeneização capitalista do pensamento e do modo de<br />

vida. Miraflores, São Paulo, Paris, Nova Iorque ou Berlim, tanto faz. As lojas,<br />

restaurantes, supermercados, bancos e outras coisas são todas exatamente as<br />

mesmas. O cheiro, o visual e o paladar também. Para ver isto não precisava ter<br />

saído do Brasil. Antes de dormir, ainda demos umas bandas e andamos até o mar.<br />

Vimos o Pacífico de uma encosta transformada em jardins. O mar estava logo<br />

mais abaixo, teríamos que pegar uma trilha, descer e atravessar uma<br />

movimentada autopista. Como já era tarde da noite, não tivemos disposição.<br />

Ficamos apenas admirando e conversando sobre como tínhamos a atravessado<br />

horizontalmente o continente. Pouco antes do Natal, Eu, Anselmo, Marina e<br />

Andréa passamos um final de semana no Guarujá, às margens do oceano<br />

Atlântico, e lá conversamos muito sobre o planejamento da viagem. Agora, pouco<br />

tempo depois, lá estávamos nós, relembrando o fato, do outro lado do continente.<br />

Conversamos sobre a não mais existência da África como referência à frente,<br />

agora a Ásia é que ocupava o lugar de referência. Discutimos sobre os primórdios<br />

da colonização americana, com a possível chegada dos homens asiáticos.<br />

Falamos sobre as viagens dos povos andinos, que retornaram comprovadamente<br />

até a Oceania e, quem sabe, até a Ásia. Voltamos à casa da Senhora Noriega<br />

com a cabeça cheia de interrogações e pouquíssimas certezas. A única era o<br />

sono. Fomos dormir.<br />

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