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Iracema, mon amour - Cabine Cultural

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20º Dia – Volta do calor e volta da sorte<br />

Santa Cruz, 16/01/05.<br />

Chegamos em Santa Cruz por volta das 11h00. O clima não era diferente<br />

das nossas mais tristes esperanças, um calor fortíssimo. O terminal integrado de<br />

ônibus e trens estava bem mais tranqüilo. Fomos direto à bilheteria dos trens e<br />

confirmando nossas mais pessimistas expectativas, o Ferrobus estava lotado. A<br />

vantagem dessa classe de trem é que a viagem é direta, sem parada alguma,<br />

durando 12 horas, dentro de um vagão confortavelmente equipado com arcondicionado,<br />

tevê e até serviço de bordo. E não tinha mais vagas, merda! Pronto,<br />

agora sim estávamos enrascados. O Anselmo tinha que voltar o mais rápido<br />

possível para trabalhar e não havia como esperarmos até terça, quando sairia o<br />

outro Ferrobus. Nem mesmo esperar até o dia seguinte, na segunda, para pegar o<br />

Trem da Morte novamente. Sobrava a opção de pegar um ônibus e encarar mais<br />

de 600 km sob um calor ultrajante, sendo a maior parte do percurso em estradas<br />

de terra. Calejados com péssimas experiências em ônibus anteriores, ficamos<br />

muito ressabiados. Seria mais uma viagem duríssima, talvez ainda mais difícil que<br />

as anteriores. Nos guichês que vendiam passagens até Puerto Quijaro os preços e<br />

as promessas variavam. Alguns diziam que saindo entre 17h00 e 17h30,<br />

estaríamos no destino final antes das 11h00 do dia seguinte. Outros diziam ser<br />

impossível chegar antes das 14h00. Conversamos com um motorista muito carade-pau<br />

que nos assegurou que a viagem só levaria mais que 16 horas se<br />

acontecesse algum imprevisto. Certamente a viagem iria demorar um dia inteiro,<br />

tanto quanto ou mais que as 21 horas de Trem da Morte.<br />

Não restava alternativa, compramos passagens para as 17h30 e, enquanto<br />

isso, nós iríamos preparando-nos psicologicamente para enfrentar a viagem.<br />

Saímos do terminal, atravessamos a rua e caímos num ambiente multicolorido das<br />

barracas e pessoas que circulavam por lá. O povo de Santa Cruz não usa os<br />

típicos trajes andinos e, devido ao calor, preferem roupas mais leves. Muitas<br />

barracas vendiam absolutamente tudo, como numa feira livre de alimentos, roupas<br />

e milhares de quinquilharias falsificadas. Andamos um pouco e encontramos um<br />

local onde poderíamos tomar um banho e deixar nossas mochilas guardadas<br />

durante nossa espera. Conseguimos somente o banho, as mochilas iriam nos<br />

acompanhar durante a tarde. Os chuveiros não eram muito melhores e nem muito<br />

mais limpos que os da rodoviária, mas mesmo assim o conforto causado pela<br />

sensação de água gelada escorrendo pela minha cabeça e nuca foi bem-vindo.<br />

Saí do banho mais leve, disposto e limpo. Deixamos nossas toalhas secando ao<br />

sol e saímos para descolar alguma coisa para comer. Não descobrimos nada<br />

muito agradável nas redondezas, somente alguns bares sujos com mesas nas<br />

ruas ocupadas por muitas pessoas suando e mandando bala na cerveja. Voltamos<br />

para comer na rodoviária. Também lá não tivemos muita sorte e acabamos<br />

almoçando um prato-feito gorduroso com arroz, batatas, uma salada ínfima e um<br />

bife de procedência duvidosa. Foi uma péssima refeição.<br />

Mais uma vez não restava nada a fazer senão tomar algumas geladas. E<br />

para tal tarefa, as mesas na rua do lado de fora da rodoviária eram mais atraentes.<br />

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