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Iracema, mon amour - Cabine Cultural

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19º Dia – Compras<br />

La Paz, 15/01/05.<br />

Despertamos. Banho. Café. Malas no saguão. Rua. Parada na rodoviária<br />

para comprar passagens para Santa Cruz. Certificamos que o busão tivesse<br />

janelas e arrumamos boletos para as 19h30. Ainda nos restava um dia em La Paz.<br />

Saímos em busca da sede da Empresa Ferroviária Andina, tínhamos, depois de<br />

muito custo, conseguido o endereço na internet. Percebemos claramente por<br />

quantas anda a inclusão digital na Bolívia. Péssimo. Vejam só, procurávamos pela<br />

empresa em sites de busca que informam as páginas por ordem de acessos. Ou<br />

seja, as mais acessadas aparecem primeiro. E as páginas que encabeçavam as<br />

listas eram praticamente todas do governo. Daí deu para ter uma idéia de quem<br />

tem maior acesso à internet na Bolívia, ninguém menos do que a própria máquina<br />

estatal. Duvido muito que a população entrasse nas páginas do governo com<br />

assiduidade, quem iria se interessar por assuntos técnicos e meramente<br />

burocráticos onde se tratavam de legislações e licitações? Não foi nada fácil<br />

localizar a informação que buscávamos.<br />

Chegamos com a intenção de garantir antecipadamente passagens de<br />

Ferrobus de Santa Cruz até Puerto Quijaro. Não foi possível. Esse trecho era<br />

operado por outra empresa, a Ferroviária Oriental. Não souberam nos informar se<br />

esta empresa tinha uma representação em La Paz. Na Bolívia ninguém sabe de<br />

nada e as informações são sempre fragmentadas e, muitas vezes, até<br />

contraditórias. Arriscamos um palpite inteligente. Entramos no maior e mais<br />

luxuoso hotel de La Paz, e, como em muitos grandes hotéis, lá havia uma agência<br />

de turismo. Depois de uma esclarecedora conversa de uns dez minutos fomos<br />

informados que era impossível comprar passagens com antecedência em La Paz.<br />

Nem mesmo por telefone, usando cartões de crédito. O tal Ferrobus é a categoria<br />

mais luxuosa do trem, tem apenas dois vagões com 24 lugares cada.<br />

Provavelmente não conseguiríamos passagens no dia seguinte, lá em Santa Cruz.<br />

Era um risco.<br />

Voltamos ao centro e fomos às compras. Presentes para a minha querida<br />

Marina. Presentes para minha querida mãe e minhas queridas irmãs. Presentes<br />

para a minha mais nova querida, a Sofia. E presentes para mim, ninguém é de<br />

ferro. O Anselmo também fez compras. Depois da sessão de consumismo, era a<br />

fome que nos consumia. Almoçamos em um restaurante familiar e novamente<br />

éramos os únicos estrangeiros. Bom sinal. Ou não, na Bolívia nunca se sabe.<br />

Fomos atendidos muito bem e até com certa cerimônia por destoarmos da<br />

paisagem geral. Comemos bem e decentemente, até salada, algo raríssimo na<br />

viagem. Retornamos ao hotel e demos uma pausa de uns 15 minutos no saguão.<br />

Sem muita paciência para sentar e esperar a banda passar, voltamos à rua.<br />

Andamos sem rumo pelas estreitas ruas do centro e quando nos demos conta<br />

estávamos próximos a Plaza Murillo, onde fica a sede do governo boliviano. Os<br />

prédios antigos e a catedral eram bem bonitos, agradaram-me. Porém, a praça me<br />

causou indignação. Infestada por pombos e lixo, o local abrigava uma enorme<br />

estátua/<strong>mon</strong>umento hedionda, repleta de plumas e ornamentos rococós. Era algo<br />

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