Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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Escrevendo com detalhes descritivos e objetivos, Lobato (1957)
circunscreveu no imaginário dos leitores problemas percebidos praticamente em
todo o interior do país, como por exemplo, a não efetivação concreta dos ideais
educativos propostos pela republica.
O Brasil não era um São Paulo, enxerto do garfo italiano, nem o
Rio artificial de português. O Brasil está no interior, onde o
sertanejo vestido de couro vasqueja nas coxilhas onde se domam
potros. Está nas caatingas estorricadas pela seca, onde o
bondiorno cria dramas, angústias e dores intermináveis à gente
litorânea (LOBATO, 1961, p. 275).
Essa região tão complexa que é o sertão brasileiro tornou-se texto e
contexto e suas representações foram moldadas de diversas formas,
independente de paradigmas, classes, culturas, posições teóricas, políticas ou
quaisquer que sejam os diálogos travados ao longo da historia.
Para os historiadores, o grande valor da literatura moderna reside
em sua predisposição a explorar o movimento da linguagem e do
significado em todos os aspectos da experiência social, política e
pessoal. Os escritores criativos foram muito além das „antigas e
estáveis concepções de mundo que forçavam a produzir uma
cópia literal de uma realidade supostamente estática‟, eles
percebem que todas as descrições do mundo permanecem
abertas à contestação (HUNT, 2001, p. 159).
A par desse viés literário temos outro, o pedagógico. Os discursos e os
ideários de educação trazidos à época para o sertão não foram menos
complexos. Grande era a importância da educação naquele momento. Os
intelectuais daquele período atribuíram à educação parcela considerável de
responsabilidade na solução das mazelas sociais, pois acreditavam que
reformulando-a completamente teriam em contrapartida uma aceleração positiva
ao desenvolvimento de toda a nação.