Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
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séria”. Por isso, as mesmas condições concretas <strong>de</strong> higienização e saú<strong>de</strong> que<br />
foram ofertadas às cida<strong>de</strong>s, seriam <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s fundamentais para os<br />
habitantes do sertão.<br />
Foi, portanto, sobre o antagonismo entre campo e cida<strong>de</strong>, que, <strong>em</strong> 1917,<br />
foi elaborado o Código Sanitário Rural, ao visar à transformação do sertanejo,<br />
prevendo mudanças importantes na <strong>de</strong>mografia do campo. Neste sentido, sob o<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma literatura sobre saú<strong>de</strong>, doenças e práticas <strong>de</strong> cura no<br />
Brasil, po<strong>de</strong>-se verificar que o consumo <strong>de</strong> elixires foi a princípio uma alternativa<br />
na busca <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong>sse probl<strong>em</strong>a. Embora caracterizado como medicina<br />
popular, muitas vezes com a interpretação <strong>de</strong> práticas e idéias ru<strong>de</strong>s e<br />
equivocadas, o consumo <strong>de</strong>sse medicamento, tinha seus fundamentos arraigados<br />
na imitação do mo<strong>de</strong>lo europeu <strong>de</strong> exercício da medicina e tinha sua<br />
funcionalida<strong>de</strong> que era a cura <strong>de</strong> doenças típicas da falta <strong>de</strong> saneamento, como<br />
por ex<strong>em</strong>plo, a an<strong>em</strong>ia, vermes e <strong>de</strong>snutrição.<br />
Nesse contexto Monteiro Lobato, juntamente com Cândido Fontoura<br />
começaram a abordar com mais ênfase o sanitarismo rural. Neste momento,<br />
Lobato não culpava o sertanejo por sua pobreza, e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> caracterizá-lo como<br />
indolente e inapto para o trabalho, mas atribui isso às más condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
sobretudo do caipira paulista. Essas vivências culturais brasileiras teriam criado<br />
as condições favoráveis para a união Lobato & Fontoura, proporcionass<strong>em</strong> ao<br />
Almanaque Biotônico Fontoura um formato característico <strong>de</strong> peça publicitária.<br />
Se anterior a escrita as palavras já eram usadas como ferramentas<br />
importantes na comunicação oral, com a escrita ela passou a ter mais forças e<br />
não há dúvidas que certas práticas <strong>de</strong> leitura evocam e consegu<strong>em</strong> manifestar-se<br />
a tal ponto que aos poucos transformam-se <strong>em</strong> um estilo <strong>de</strong> vida. Não é por<br />
acaso que, os textos publicitários, preferencialmente aqueles direcionados a<br />
gran<strong>de</strong>s parcelas da população visam a guiar seus leitores na escolha e na<br />
aquisição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado produto. “A publicida<strong>de</strong> serve mais para promover o<br />
consumo como um modo <strong>de</strong> vida do que para anunciar produtos” (ADLER;<br />
FIRESTONE, 2003, p. 29).<br />
Em princípio, Adler e Firestone (2003) mostram-se ciente e seguro que a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses textos é controlar e condicionar os sujeitos. No entanto, n<strong>em</strong>