04.05.2013 Views

Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

- 74 -<br />

interpretativas. Na condição <strong>de</strong> leitor é a palavra que me proporciona a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretar e o mesmo acontece com outros leitores que, “ao<br />

conformar o signo que interpreta, não modifique, mesmo que só um pouco, seus<br />

limites” (ECO, 1991, p. 60).<br />

Contudo, isso não significa que interpretar é uma ação incontrolável<br />

produzida pelos leitores. O autor não <strong>de</strong>scarta a pr<strong>em</strong>issa que os textos ten<strong>de</strong>m a<br />

conter implicitamente suas “instruções <strong>de</strong> uso”, que mostram ao leitor o que fazer<br />

e algumas vezes, que significados produzir a partir <strong>de</strong> suas leituras.<br />

[...] dizer que um texto é potencialmente s<strong>em</strong> fim não significa que<br />

todo ato <strong>de</strong> interpretação possa ter um final feliz. Até mesmo o<br />

<strong>de</strong>sconstrucionista mais radical aceita a idéia <strong>de</strong> que exist<strong>em</strong><br />

interpretações clamorosamente inaceitáveis. Isso significa que o<br />

texto interpretado impõe restrições a seus interpretes. Os limites<br />

da interpretação coinci<strong>de</strong>m com os direitos do texto (o que não<br />

quer dizer que coincidam com os direitos <strong>de</strong> seu autor) (ECO,<br />

1985 apud SCHIFFER, 2000, p. 22, grifo nosso).<br />

Agora, chamo atenção do leitor para o que Eco chamou <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconstrucionista, termo <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque na citação acima, que trata <strong>de</strong> uma<br />

variante do termo “<strong>de</strong>sconstrução” que partindo da teoria linguística, está ligado<br />

ao propósito <strong>de</strong> Derrida (1973). Para este autor a escrita representa uma espécie<br />

<strong>de</strong> rompimento do texto com o seu contexto <strong>de</strong> produção, pois ela exerce<br />

influencias que vão al<strong>em</strong> das intenções do autor. A leitura, por outro lado, aciona<br />

um movimento <strong>de</strong> interação e/ou repetição daquilo que foi escrito, por isso, <strong>de</strong><br />

acordo com o autor, ela parasita e contamina aquilo que repete.<br />

Derrida (1973) acreditava que no processo <strong>de</strong> produção, o texto recebe<br />

marcas consi<strong>de</strong>ráveis daquilo que po<strong>de</strong> ser escrito e o que po<strong>de</strong> ser mostrado.<br />

Sendo mais específico, para ele exist<strong>em</strong> situações e/ou objetos que não po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong>scritos através <strong>de</strong> um texto, mas mostrados apenas. A partir do momento<br />

que essas situações e objetos são <strong>de</strong>scritos, parte <strong>de</strong> sua essência ficam<br />

perdidas ou incapazes <strong>de</strong> ser apanhada pelas significações das palavras, as<br />

quais apenas as representariam. Assim, ao leitor caberia <strong>de</strong>sconstruir a<br />

significações construídas pelos escritores e fabricantes <strong>de</strong> livros, para sobrepor

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!