Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
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o que Umberto Eco chamou <strong>de</strong> máquina que produz uma “<strong>de</strong>riva infinita do<br />
sentido”.<br />
[...] um texto, uma vez separado <strong>de</strong> seu <strong>em</strong>issor (b<strong>em</strong> como da<br />
intenção do <strong>em</strong>issor) e das circunstancias concretas <strong>de</strong> sua<br />
<strong>em</strong>issão (e consequent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> seu referente implícito), flutua<br />
(por assim dizer) no vazio <strong>de</strong> um espaço potencialmente infinito <strong>de</strong><br />
interpretações possíveis. Consequent<strong>em</strong>ente, texto algum po<strong>de</strong><br />
ser interpretado segundo a utopia <strong>de</strong> um sentido autorizado fixo,<br />
original e <strong>de</strong>finitivo (ECO, 1985 apud SCHIFFER, 2000, p. 14).<br />
Isso atribui força à leitura, tornando-a capaz <strong>de</strong> por fim as abordagens que,<br />
particularmente, combatiam interpretações diferentes àquelas propostas pelo<br />
autor no momento da criação, ficando evi<strong>de</strong>nte uma tendência que busca não<br />
somente examinar o ato <strong>de</strong> ler, mas que consi<strong>de</strong>ra a leitura como uma das<br />
dimensões constitutivas do texto. Tudo isso contribui para expandir tanto as<br />
formas <strong>de</strong> ler como as <strong>de</strong> estudar essas mesmas formas e integrá-las a outros<br />
campos das ciências humanas e/ou sociais como a <strong>Educação</strong>, Antropologia,<br />
Historia, entre outras e não apenas à Linguística ou Literatura.<br />
Ao que tudo indica, esse conjunto ambicioso <strong>de</strong> novos estudos a respeito<br />
da leitura teria um insucesso se os textos foss<strong>em</strong> dignos <strong>de</strong> interpretações<br />
previamente <strong>de</strong>terminadas, e a construção <strong>de</strong> novos sentidos acatada apenas<br />
como crenças hipotéticas, <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> qualquer valor e por isso<br />
<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada na elaboração <strong>de</strong> estudos envolvendo a leitura como t<strong>em</strong>a.<br />
Contudo, mesmo a <strong>de</strong>riva infinita <strong>de</strong> sentidos, os textos possu<strong>em</strong> seus limites<br />
interpretativos. Um afastamento interpretativo exacerbado daquilo que se lê po<strong>de</strong><br />
implicar <strong>em</strong> variáveis que <strong>de</strong>svincula a própria construção <strong>de</strong> sentidos do texto <strong>de</strong><br />
sua matriz primária, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação e<br />
passando a caracterizar-se <strong>em</strong> ultima instância, como um novo texto a respeito <strong>de</strong><br />
um assunto <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> seu original.