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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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Todos na casa interessava. Aqueles que conseguia lê um poco, lia<br />

pros outro. Assim né, <strong>de</strong> ouví e vê, acabava sabendo e lia.<br />

O <strong>de</strong>poimento acima torna clara a importância que o Almanaque passou a<br />

ter na vida <strong>de</strong> algumas pessoas e que ele circulou não apenas no ambiente rural,<br />

mas <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s centros e cida<strong>de</strong>s do interior. Um livreto que no mote da criação,<br />

para o editor, não passava <strong>de</strong> um almanaque como outro qualquer, tornara após a<br />

primeira edição um fenômeno <strong>de</strong> distribuição e <strong>de</strong> aceitação.<br />

Como era natural, o resultado pecuniário da primeira edição fora<br />

b<strong>em</strong> vasqueiro, tanto para o autor como para o editor. Ora, a esse<br />

t<strong>em</strong>po eu fizera, para o Laboratório do Biotônico Fontoura, o seu<br />

primeiro almanaque. Assim, ao aparecer nas livrarias o meu<br />

primeiro livro, distribuíam também as farmácias <strong>de</strong> todo o pais<br />

esse outro produto <strong>de</strong> minha literária ativida<strong>de</strong>. E um dia, ao<br />

chegar à Revista, entregaram-me um envelope, que para isso ali<br />

<strong>de</strong>ixara o nosso amigo Fontoura, com um cartão <strong>de</strong><br />

agra<strong>de</strong>cimento e um cheque para r<strong>em</strong>uneração do meu serviço.<br />

Mostrei ambos ao Lobato, fazendo notar que o Almanaque que<br />

apenas me tomara uma s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> atenção, e trabalho, me<br />

ren<strong>de</strong>ra quantia três vezes maior que o romance, <strong>em</strong> cuja escrita<br />

eu pusera os ócios <strong>de</strong> quase cinco anos <strong>de</strong> magistério... (VAZ,<br />

1957 apud SODRÉ, 1964, p. 399).<br />

Perceba o leitor que, <strong>em</strong>bora consi<strong>de</strong>rado por seu editor como algo<br />

simples, a união <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos relacionados à saú<strong>de</strong>, educação e literatura,<br />

atrelados a publicida<strong>de</strong>, propiciou ao Almanaque do Biotônico Fontoura não<br />

apenas a característica <strong>de</strong> um livreto que alertava os brasileiros, especialmente<br />

aqueles que viviam no campo, a respeito dos sintomas e ciclos da ancilostomose<br />

(popularmente conhecida como Amarelão). O almanaque também indicava<br />

medidas sanitárias <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong>ssa doença e consequent<strong>em</strong>ente divulgava o<br />

Biotônico Fontoura como o melhor r<strong>em</strong>édio para tal mazela.<br />

Um dia um doutor portou lá por causa da chuva e espantou-se <strong>de</strong><br />

tanta miséria. Vendo o caboclo tão amarelo e magro, resolveu<br />

examiná-lo. - Amigo Jeca, o que você t<strong>em</strong> é doença. - Po<strong>de</strong> ser.<br />

Sinto uma canseira s<strong>em</strong> fim, e dor <strong>de</strong> cabeça, e uma pontada aqui<br />

no peito, que respon<strong>de</strong> na cacunda. - Isso mesmo. Você sofre <strong>de</strong><br />

ancilostomíase. - Anci... o que? - Sofre <strong>de</strong> amarelão, enten<strong>de</strong>?

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