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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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Uma doença que muitos confun<strong>de</strong>m com a maleita. - Essa tal<br />

maleita não é sezão? - Isso mesmo. Maleita, sezão, febre palustre<br />

ou febre intermitente: tudo a mesma coisa. A sezão também<br />

produz an<strong>em</strong>ia, moleza e esse <strong>de</strong>sânimo do amarelão; mas é<br />

diferente. Conhece-se a maleita pelo arrepio ou calafrio que dá,<br />

pois é uma febre que v<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> horas certas e com muito<br />

suor. Qu<strong>em</strong> sofre <strong>de</strong> sezão sara com o MALEITOSAN<br />

FONTOURA. Qu<strong>em</strong> sofre <strong>de</strong> amarelão sara com a<br />

ANKILOSTOMINA FONTOURA. Eu vou curar você (LOBATO,<br />

1950, p. 3).<br />

Foi a partir <strong>de</strong>ssa recriação fictícia que Lobato e Fontoura iniciaram a<br />

participação na campanha sanitarista que assolou o Brasil da década <strong>de</strong> 1920. É<br />

também através <strong>de</strong>sse mesmo almanaque, que Lobato reestrutura a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

sertanejo, representada outrora no artigo Velha Praga <strong>de</strong> 1914, contudo neste<br />

momento o insere <strong>em</strong> um contexto que t<strong>em</strong> mais dimensões positivas que as<br />

<strong>de</strong>scritas na sua primeira aparição <strong>em</strong> 1914. Nos textos veiculados no<br />

Almanaque, o Jeca <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o “parasita, um piolho da terra [...] s<strong>em</strong>i-nôma<strong>de</strong>,<br />

inadaptável à civilização, mas que vive à beira <strong>de</strong>la, na penumbra das zonas<br />

fronteiriça” (LOBATO, 1982, p. 235-236) e torna-se uma espécie <strong>de</strong> vítima das<br />

mazelas sociais, entre elas a falta <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> saneamento, afinal, como<br />

<strong>de</strong>finiu o próprio autor: “O Jeca não é assim, esta assim. A saú<strong>de</strong> pública<br />

brasileira vai mal e a apatia do caipira é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> suas enfermida<strong>de</strong>s”.<br />

(LOBATO, 1982, p. 234). Essa dualida<strong>de</strong> representativa do personag<strong>em</strong> po<strong>de</strong><br />

estar intrinsecamente associada às mudanças ocorridas no país nas primeiras<br />

décadas do século XX.<br />

Foi um período <strong>em</strong> que a prosperida<strong>de</strong> da nação era ameaçada por fortes<br />

contrastes entre o campo e a cida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong> contar outras agitações sociais como<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego e outras ligadas à saú<strong>de</strong> pública. Talvez seja útil consi<strong>de</strong>rar essa<br />

ultima como a mais importante para o sucesso do Almanaque e dos produtos<br />

farmacêuticos Fontoura, que <strong>de</strong> acordo com o slogan eram “medicamentos<br />

milagrosos para verminose e an<strong>em</strong>ia, um fortificante da época, cujo produto é<br />

reconhecido até aos nossos dias com o nome <strong>de</strong> Biotônico Fontoura”<br />

(CARDOSO, 2006, p. 46). São evidências positivas <strong>em</strong> relação à fórmula <strong>de</strong><br />

Fontoura, as quais se professam <strong>em</strong> vários momentos da leitura do texto <strong>de</strong> Jeca<br />

Tatuzinho, como por ex<strong>em</strong>plo:

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