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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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texto, contrario a essa idéia, Eco (1995, p. 81) acredita que existam limites<br />

interpretativos e que obra alguma é <strong>de</strong> caráter aberto. Em algo os dois autores<br />

concordam: o leitor não po<strong>de</strong> atribuir ao texto qualquer interpretação <strong>em</strong> função<br />

do próprio gosto.<br />

[...] um texto é um organismo, um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> relações internas<br />

que atualiza certas ligações possíveis e narcotiza outras. Antes<br />

que um texto seja produzido, seria possível inventar qualquer<br />

espécie <strong>de</strong> texto. Depois que um texto foi produzido, é possível<br />

fazê-lo dizer muitas coisas – <strong>em</strong> certos casos, um número<br />

potencialmente infinito <strong>de</strong> coisas – mas é impossível – ou pelo<br />

menos criticamente ilegítimo – fazê-lo dizer o que não diz.<br />

Para Derrida (1973, p. 193-194):<br />

[...] a leitura <strong>de</strong>ve, s<strong>em</strong>pre, visar uma certa relação, <strong>de</strong>spercebida<br />

pelo escritor, entre o que ele comanda e que ele não comanda,<br />

dos esqu<strong>em</strong>as da língua <strong>de</strong> que faz uso. Esta relação não é uma<br />

certa repartição quantitativa <strong>de</strong> sombra e <strong>de</strong> luz, <strong>de</strong> fraqueza ou<br />

<strong>de</strong> força, mas uma estrutura significante que a leitura crítica <strong>de</strong>ve<br />

produzir (grifo do autor).<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos o significado como algo instável e produto <strong>de</strong> uma<br />

escrita que se efetiva no momento da leitura, a qual é produtora <strong>de</strong> sentidos, que<br />

por sua vez também instáveis e variáveis, notamos que, ao escrever a história do<br />

Jeca Tatuzinho e produzir o Almanaque do Biotônico Fontoura, Lobato teve uma<br />

intenção prévia, pois tinha como objetivo atentar aos leitores do Almanaque à<br />

aquisição <strong>de</strong> novas práticas higiênicas, ao interesse pelos estudos, à importância<br />

do trabalho para o progresso pessoal e da nação, aos benefícios da ciência, <strong>em</strong><br />

suma, objetivava um sertanejo b<strong>em</strong> sucedido nos aspectos culturais, sociais,<br />

educacionais e <strong>de</strong> hábitos saudáveis.<br />

Por esse lado o Almanaque “induziu” seu leitor a essa interpretação <strong>de</strong><br />

sertanejo. Por outro, ele não conseguiu efetivar a interpretação que almejava no<br />

que se refere à representação <strong>de</strong> sertanejo. Pois, mesmo sabendo que ao final do<br />

texto o Jeca tornara-se um hom<strong>em</strong> rico, trabalhador e inteligente, o que ficou na

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