Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
- 44 -<br />
Por meio dos dizeres <strong>de</strong> Rui Barbosa (1947) é possível afirmar que a<br />
escolarização foi caracterizada como a difusora <strong>de</strong> valores essenciais para a nova<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> progresso nacional.<br />
Isso não quer dizer que os habitantes do campo eram <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong><br />
qualquer tipo <strong>de</strong> educação e/ou instrução <strong>de</strong> caráter escolar, ao contrário, <strong>de</strong><br />
acordo com Park (1999) e Rossi (2003) ela existia e era exercida <strong>de</strong> acordo com<br />
possíveis necessida<strong>de</strong>s dos sertanejos, inclusive no que se refere ao próprio<br />
calendário escolar, que na maioria das vezes era a<strong>de</strong>quado aos ciclos das<br />
ativida<strong>de</strong>s agrícolas.<br />
Neste sentido, caberia então promover e organizar um sist<strong>em</strong>a<br />
educacional. Pois, a mentalida<strong>de</strong> ligada ao fatalismo das raças era algo que vinha<br />
dando lugar a outro pensar, o da educação como fonte <strong>de</strong> progresso capaz <strong>de</strong><br />
gerar <strong>de</strong>senvolvimento individual e social.<br />
O esforço <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rnizar, sanear, higienizar e educar o sertanejo, são<br />
fatores que po<strong>de</strong>m ter contribuído para Lobato rever seu conceito <strong>de</strong> sertanejo e<br />
rever a forma como o havia representado. Para melhor esclarecer essa questão<br />
convido o leitor a refletir a respeito da regeneração da personag<strong>em</strong> Jeca Tatu,<br />
sob a nova óptica representativa <strong>de</strong> Monteiro Lobato ao criar o folheto Jeca<br />
Tatuzinho, que <strong>em</strong> muito difere daquela que consta no artigo “Velha Praga”<br />
(1914).<br />
Cumpre-me todavia, implorar perdão ao pobre Jeca. Eu ignorava<br />
que era assim, meu caro Tatu, por motivo <strong>de</strong> doenças tr<strong>em</strong>endas.<br />
Está provado que t<strong>em</strong> no sangue e nas tripas um jardim zoológico<br />
da pior espécie. É essa bicharia cruel que te faz papudo, feio,<br />
molenga, inerte. Tens culpa disso? Claro que não. Assim, é com<br />
pieda<strong>de</strong> infinita que te encara hoje o ignorantão que outrora só te<br />
via <strong>em</strong> ti mamparra e ruinda<strong>de</strong>. Perdoa-me, pois pobre opilado<br />
(LOBATO, 1982, p. 5).<br />
Em 1920, ao assumir uma explicação cientifica para a causa da moléstia<br />
do sertanejo e na tentativa <strong>de</strong> redimir-se da figura representativa que havia criado<br />
<strong>em</strong> 1914 com a publicação do artigo “Velha Praga”, Monteiro Lobato <strong>em</strong> 1920<br />
ce<strong>de</strong>u a personag<strong>em</strong> Jeca Tatu ao Laboratório Fontoura para que esse o