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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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negativas. O sertanejo – caboclo ou caipira – era <strong>de</strong>scrito sob uma óptica<br />

representativa que <strong>de</strong>negria a imag<strong>em</strong> do hom<strong>em</strong> do campo.<br />

Chegam silenciosamente, ele e a “sarcopta” fêmea, esta com um<br />

filhote no útero, outro ao peito, outro <strong>de</strong> sete anos à ourela da saia<br />

– este já <strong>de</strong> pitinho na boca e faca à cinta. Completam o rancho um<br />

cachorro sarnento – Brinquinho, a foice, a enxada, a picapau, o<br />

pilãozinho <strong>de</strong> sal, a panela <strong>de</strong> barro, um santo encardido, três<br />

galinhas pévas e um galo índio. Com estes simples ingredientes, o<br />

fazedor <strong>de</strong> sapezeiros perpetua a espécie e a obra <strong>de</strong> esterilização<br />

iniciada com os r<strong>em</strong>otíssimos avós (LOBATO, 1982, p. 141).<br />

A partir das iniciativas para sanear os sertões e <strong>de</strong>senvolve-lo tanto quanto<br />

<strong>de</strong>senvolviam-se as cida<strong>de</strong>s brasileiras da época, a educação assumia um papel<br />

importante para tornar o sertanejo apto aos novos rumos que a nação tomava, ou<br />

seja, à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Era necessário que o Brasil começasse a ser pensado como<br />

Brasil e não como uma Europa abaixo da Linha do Equador. De acordo com<br />

Sevcenko (1983, p. 122-123):<br />

O mesmo <strong>em</strong>penho <strong>em</strong> forçar as elites a executar um meio giro<br />

sobre seus próprios pés e voltar o seu olhar do Atlântico para o<br />

interior da Nação, quer seja para o sertão, para o subúrbio ou para<br />

o seu s<strong>em</strong>elhante nativo, mas <strong>de</strong> qualquer forma para o Brasil e<br />

não para a Europa.<br />

Reportando ao ano <strong>de</strong> 1920, ano da primeira edição do Almanaque<br />

Biotônico Fontoura, ver<strong>em</strong>os que foi uma época que abarcou um interesse, <strong>em</strong><br />

nível nacional, <strong>de</strong> satisfazer os anseios da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que batia às portas do<br />

país, que consequent<strong>em</strong>ente provocou a euforia <strong>de</strong> diversos setores da<br />

socieda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra levou ao Brasil novas dimensões<br />

políticas.<br />

Basta que se perceba, entre 1920 e 1929, o envolvimento do país<br />

<strong>em</strong> um clima <strong>de</strong> efervescência i<strong>de</strong>ológica e <strong>de</strong> inquietação social;<br />

o maior grau <strong>de</strong> perturbação provocado pelas campanhas<br />

presi<strong>de</strong>nciais; o alastramento das incursões armadas; as lutas<br />

reivindicatórias do operariado; as pressões da burguesia<br />

industrial; as medidas <strong>de</strong> restrição adotadas na Revisão<br />

constitucional <strong>de</strong> 1929; o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento do movimento<br />

revolucionário vitorioso <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930 (NAGLE, 1976, p. 3).

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