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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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<strong>de</strong>stacando-se ainda mais na daqueles que viviam no campo, sendo para<br />

esses um objeto muito utilizado no processo educativo tanto ligado à higienização<br />

como à própria alfabetização, assim afirma um leitor do almanaque, nascido <strong>em</strong><br />

1916:<br />

A primeira vez que vi um armanaque foi no orfamanato. Acho que<br />

era 1928. Eles mostrava pras crianças, prá num anda discarça. O<br />

que era <strong>de</strong> mais interesse era a história do Jeca Tatu. A<br />

professora aproveitava... La se usava os r<strong>em</strong>édio indicado nele.<br />

No orfanato tinha o livro sagrado e o armanaque. A professora<br />

ensinava a chave. Eu quero dizê, as letra. Elas acaba sendo a<br />

chave, s<strong>em</strong> elas ocê num entra. Num lê. Ai eu procurava as letra<br />

no armanaque (PARK, 1999, p. 142).<br />

Pouco a pouco a história do Jeca foi se alastrando pelo país e o<br />

Almanaque tornando-se cada vez mais importante. Quero l<strong>em</strong>brar o leitor que<br />

inerente ao teor publicitário o que chamo atenção é o papel que esse Almanaque<br />

representou para a história da educação e não para a campanha publicitária do<br />

Laboratório Fontoura, como po<strong>de</strong> ser observado na fala <strong>de</strong> nosso <strong>de</strong>poente. Além<br />

disso, não é possível afirmar, pois esta não é a t<strong>em</strong>ática que propus a investigar,<br />

sobre a existência ou não <strong>de</strong> algum entendimento por parte do caboclo dos anos<br />

20, do Almanaque apenas como veículo <strong>de</strong> propaganda. O que pretendo<br />

evi<strong>de</strong>nciar é o quanto esse Almanaque era concebido como um material <strong>de</strong> leitura<br />

pelas escolas, especialmente as do campo, pois, ainda <strong>de</strong> acordo com Park<br />

(1999, p. 145) “pelo almanaque a roça se aproxima da biblioteca”. E essas, além<br />

<strong>de</strong> ter<strong>em</strong> acesso à historia do Jeca também encontravam informações<br />

medicamentosas e <strong>de</strong> higiene, que iam <strong>de</strong> encontro com os i<strong>de</strong>ais discursivos do<br />

período.<br />

O uso <strong>de</strong>sse almanaque na escola ou <strong>em</strong> outros lugares, como a própria<br />

afirmação <strong>de</strong> Park (1999) ilustrou, levou o Jeca a tornar-se conhecido <strong>em</strong><br />

praticamente todo o Brasil como representante caricatural do caboclo brasileiro,<br />

principalmente aquele resi<strong>de</strong>nte no interior paulista, e ao mesmo t<strong>em</strong>po a historia<br />

<strong>de</strong>sse personag<strong>em</strong> trazia lições <strong>de</strong> higiene, trabalho, e educação, sendo essa<br />

ultima enfocada como a “chave mágica” que levaria boas e novas condições <strong>de</strong><br />

vida aquele que a <strong>de</strong>tivesse, reforçando ainda mais os i<strong>de</strong>ais educativos da

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