Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
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Todo signo, lingüístico ou não lingüístico, falado ou escrito (no<br />
sentido corrente <strong>de</strong>ssa oposição), <strong>em</strong> pequena ou <strong>em</strong> gran<strong>de</strong><br />
unida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser citado, colocado entre aspas; daí ele po<strong>de</strong><br />
romper com todo o contexto dado, engendrar ao infinito novos<br />
contextos, <strong>de</strong> forma absolutamente não saturável. Isso não supõe<br />
que a marca vale fora do contexto, mas ao contrario que só há<br />
contextos s<strong>em</strong> qualquer centro <strong>de</strong> ancorag<strong>em</strong> absoluto<br />
(DERRIDA, 1971, p. 36).<br />
Sob uma visão <strong>de</strong>sconstrucionista Derrida (1971) apresenta um ponto <strong>de</strong><br />
vista que implica na idéia que não há nada fora do texto, como também não há<br />
nada fora do contexto. Nessa perspectiva a interpretação precisa estar<br />
<strong>de</strong>svinculada do consenso, ela t<strong>em</strong> que atingir o extr<strong>em</strong>o s<strong>em</strong> precisar que<br />
alguém a <strong>de</strong>fenda. Isso aproxima ainda mais os pressupostos teóricos entre a<br />
<strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>fendida por Derrida (1971) e a S<strong>em</strong>iótica <strong>de</strong> Umberto Eco<br />
(1986). E nesse entrave sobre o sentido do texto os dois autores comungam da<br />
idéia que é preciso questionar o escrito e arrancar <strong>de</strong>le aquilo que não foi escrito,<br />
mas esta implícito no que Eco (1986, p. 36) chama <strong>de</strong> “espaços <strong>em</strong> branco” as<br />
informações que encontram-se no entr<strong>em</strong>eio do “não-dito”.<br />
“não-dito” significa não manifestado <strong>em</strong> superfície, a nível <strong>de</strong><br />
expressão: mas é justamente este não-dito que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser<br />
atualizado a nível <strong>de</strong> atualização do conteúdo. E para este<br />
propósito um texto, <strong>de</strong> uma forma ainda mais <strong>de</strong>cisiva do que<br />
qualquer outra mensag<strong>em</strong>, requer movimentos cooperativos,<br />
conscientes e ativos por parte do leitor.<br />
Sob esse aspecto, a leitura se proce<strong>de</strong>ria através <strong>de</strong> duas modalida<strong>de</strong>s, a<br />
primeira buscando as infinitas interpretações que o autor inseriu no texto e a<br />
segunda buscando as infinitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretações não inseridas por<br />
ele. Isso não significa, entretanto, que não se possam apreen<strong>de</strong>r articulações<br />
interpretativas entre elas, pois a mesma leitura que propicia variáveis <strong>de</strong> sentido<br />
também serve <strong>de</strong> instrumento por meio do qual se exploram dimensões<br />
reveladoras <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as envolvendo probl<strong>em</strong>áticas particulares diferentes daqueles<br />
voltados apenas para fins interpretativos. É <strong>em</strong> torno <strong>de</strong>sses distanciamentos<br />
exacerbados do escrito, que o <strong>em</strong>bate entre esses autores se acirra, para Derrida<br />
(1973) não há limites interpretativos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja um distanciamento do