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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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época, principalmente os que circundavam suas atenções ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

rural. Afinal, o entendimento <strong>de</strong> que gente da roça não carecia <strong>de</strong> estudos, sedia<br />

lugar a um outro discurso que voltava as intenções educativas para o hom<strong>em</strong> do<br />

campo.<br />

Se por um lado a educação na primeira república foi voltada quase que<br />

exclusivamente aos imigrantes e à elite e entre as “provi<strong>de</strong>ncias tomadas pelos<br />

republicanos no Estado <strong>de</strong> São Paulo, os investimentos <strong>de</strong> institucionalização da<br />

escola foram subordinados à priorida<strong>de</strong> concedida à imigração como recurso<br />

civilizatório” (CARVALHO, 2003, p. 143). Foi no final da primeira e início da<br />

segunda república, por volta dos anos <strong>de</strong> 1920/30, que o Brasil “<strong>de</strong>spertou para a<br />

educação rural” (LEITE, 2002, p. 28). Os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> branqueamento sediam lugar<br />

aos <strong>de</strong> educação, higiene e saneamento do sertão.<br />

Por outro lado, cida<strong>de</strong>s como Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo, incitavam no<br />

início do século XX, perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento baseadas na heg<strong>em</strong>onia<br />

cultural das fábricas. O operário precisava estar preparado para atuar <strong>em</strong> suas<br />

funções sob os mol<strong>de</strong>s da ciência, da técnica e consequent<strong>em</strong>ente, do progresso.<br />

Essa espécie <strong>de</strong> “o prelúdio republicano”, como chamou Sevcenko (1998),<br />

também precisava chegar ao campo. O sertanejo <strong>de</strong>veria ser preparado para<br />

atuar no ambiente rural e aos pouco ser inserido nesse i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> progresso, e aos<br />

olhos <strong>de</strong> progressistas como Monteiro Lobato, por ex<strong>em</strong>plo, isso seria alcançado<br />

mediante a educação do hom<strong>em</strong> do campo. Essas pessoas, maioria analfabetas,<br />

não teriam condições <strong>de</strong> acompanhar o crescimento do país caso continuass<strong>em</strong><br />

nessa mesma condição. Por isso, promulgava a idéia que a leitura seria um elo<br />

importante entre o hom<strong>em</strong> e o progresso.<br />

Lobato não tardou a perceber a importância <strong>de</strong> sua literatura <strong>de</strong><br />

entretenimento para a educação das crianças. Ele próprio levou<br />

seus livros para as escolas. Como publicista, crítico social, ele<br />

sabia naturalmente que fazia o trabalho <strong>de</strong> um “educador <strong>de</strong><br />

adultos”... N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre suave, está certo, mas s<strong>em</strong>pre<br />

admiravelmente claro, irrepreensivelmente didático. E inventivo,<br />

fantasioso, atraente (NUNES, 1986, p. 87).

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