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Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM

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nenhuma outra propaganda <strong>de</strong> massa no Brasil conseguiu naquele momento:<br />

tornar conhecida e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse a marca medicamentosa Fontoura.<br />

É possível afirmar que a propagação do Almanaque <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou um<br />

papel prepon<strong>de</strong>rante no que envolveram estratégias e práticas <strong>de</strong> leituras. O que<br />

era uma hipótese inicial, amparada <strong>em</strong> minha experiência individual, ganha<br />

evidências e contornos mais amplos. O Almanaque distribuído a princípio apenas<br />

<strong>em</strong> farmácias também a<strong>de</strong>ntrou os muros das escolas, transformando-se <strong>em</strong><br />

material <strong>de</strong> leitura obrigatória <strong>de</strong> muitos jovens e crianças.<br />

Depoimentos <strong>de</strong> sujeitos que <strong>em</strong> suas infâncias, <strong>em</strong> suas épocas <strong>de</strong><br />

escola, utilizaram o Almanaque Biotônico Fontoura como material <strong>de</strong> leitura é que<br />

permit<strong>em</strong> esse argumento. Começo apresentando o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> um imigrante<br />

japonês referindo-se aos seus primeiros anos <strong>de</strong> experiência escolar no Brasil, no<br />

qual ele menciona a prática <strong>de</strong> leitura apoiadas ao Almanaque Biotônico<br />

Fontoura.<br />

O material da escola era ca<strong>de</strong>rno brochura, <strong>de</strong> caligrafia, <strong>em</strong> que<br />

eu copiava várias vezes a mesma letra e o livro “Caminho Suave”<br />

– a cartilha – que agente usava até a 4ª série. Pra entrar na sala<br />

<strong>de</strong> aula a gente cantava o Hino Nacional. Mas a escola era muito<br />

precária mesmo, não se oferecia material, não tinha nada <strong>de</strong> livro<br />

<strong>de</strong> leitura. O que eu lia era fora da escola e aquilo que eu<br />

ganhava. Eu me l<strong>em</strong>bro que eu lia muito o “Jeca Tatu”, um<br />

reclame que vinha num livrinho pequeno que entregavam na<br />

escola, do Biotônico Fontoura . Aparecia o Jeca, lá, <strong>de</strong>scalço. Daí<br />

entrava o bichinho no pé e ele ficava mal, com amarelão,<br />

barrigudo... Daí era só tomar o Biotônico Fontoura e virava<br />

<strong>em</strong>presário, fazen<strong>de</strong>iro... Até os porcos usavam sapatinho, sabe?<br />

(HANAYAMA, 2007, p. 11).<br />

Mesmo tratando <strong>de</strong> um trecho curto e baseado na m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> um leitor,<br />

não posso minimizar uma informação importante oferecida pelo <strong>de</strong>poente: “Eu me<br />

l<strong>em</strong>bro que eu lia muito o „Jeca Tatu‟ um reclame que vinha num livrinho pequeno<br />

que entregavam na escola, do Biotônico Fontoura”. Não bastou muito e, outros<br />

<strong>de</strong>poimentos foram chegando ao alcance das minhas vistas.

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