Dissertação - Programa de Pós-graduação em Educação / UEM
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4 ENTRE A LITERATURA E O DISCURSO EDUCACIONAL: “O JECA NÃO É<br />
ASSIM, ESTA ASSIM” À PEDAGOGIA DO SERTANEJO<br />
Com uma estética persuasiva e utilizando um discurso atrelado às<br />
perspectivas educacionais e higiênicas que começavam a se propagar pelo Brasil<br />
do inicio do século XX, os Laboratórios Fontoura, na década <strong>de</strong> 1920, criou seu<br />
próprio meio <strong>de</strong> divulgação: o Almanaque Biotônico Fontoura. Com uma média <strong>de</strong><br />
40 páginas, esse almanaque trazia informações acerca <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e higiene, além<br />
<strong>de</strong> fazer propaganda dos produtos do laboratório, por ex<strong>em</strong>plo, o próprio elixir<br />
Biotônico Fontoura. Entre seus colaboradores, Monteiro Lobato se <strong>de</strong>stacou, pois<br />
foi o responsável pela publicação da história do Jeca Tatu, a qual se tornou uma<br />
das maiores peças publicitárias do Brasil. De acordo com Park (1999), esta<br />
atravessou quase um século, proporcionando ao almanaque alcançar uma<br />
tirag<strong>em</strong> superior a 100 milhões <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares <strong>em</strong> 1982 na sua última edição, um<br />
número astronômico se comparado aos 50 mil da primeira <strong>em</strong> 1920.<br />
4.1 ASSOCIAÇÕES: IDÉIAS, TEXTOS E CONTEXTOS NA CRIAÇÃO DO<br />
ALMANAQUE BIOTÔNICO FONTOURA<br />
Prece<strong>de</strong>ndo a década <strong>de</strong> 1920, como já dito anteriormente, nascia no país<br />
um pensamento político científico que po<strong>de</strong> ter contribuído para efetivar a criação<br />
do Almanaque. De início, chamo atenção ao fato que cientistas, das mais diversas<br />
áreas, começaram a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o argumento <strong>de</strong> que não seria a raça qu<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>terminaria o atraso ou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nação, mas as condições <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> da população. Stepan (1976), afirma que só a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
s<strong>em</strong> contar o restante do país, estava mergulhada <strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as relacionados a<br />
saú<strong>de</strong> pública a ponto <strong>de</strong> impedir a própria administração da cida<strong>de</strong>.