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Noticias de Imprensa de 23 de Fevereiro de 2012 - Fesete

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No andar <strong>de</strong> cima, a sala <strong>de</strong> entrada no Tribunal está estranhamente vazia. «Hoje, só<br />

houve praticamente julgamentos sumários, quase todos <strong>de</strong> gente apanhada com<br />

álcool», informa uma funcionária que não se quer i<strong>de</strong>ntificar. Às nove da manhã,<br />

chegou mascarada ao emprego. E não foi a única. Viram-se pipis das meias-altas,<br />

carochinhas, capuchinhos vermelhos. «Eram só bêbados, os homens da limpeza nas<br />

ruas e nós», conta, sem escon<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>scontentamento por o Governo não ter<br />

concedido tolerância <strong>de</strong> ponto, tal como fez a Câmara Municipal.<br />

Já nas Finanças, ninguém quer falar, mas uma técnica mostra claramente não ser<br />

dada a poupanças <strong>de</strong> imaginação em dia <strong>de</strong> terça-feira gorda. Espera o público com<br />

manguitos e uma enorme gravata sobre o impecável fato <strong>de</strong> calças e casaco. Poucos<br />

terão visto nela uma mangas-<strong>de</strong>alpaca. E não por falta <strong>de</strong> argúcia... contam-se pelos<br />

<strong>de</strong>dos os que por lá passaram durante o dia - 3, 4 , 1, 0, 13, <strong>de</strong>nuncia o mostrador<br />

com a contagem das senhas, às cinco da tar<strong>de</strong>.<br />

Na Avenida, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfila o corso carnavalesco, o espírito é outro. A crítica (que fez<br />

com que há muitas décadas o Carnaval <strong>de</strong> Ovar se afirmasse) parece escassear. A<br />

assistir ao <strong>de</strong>sfile, os irmãos metralha, chegados <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia,<br />

confessamse: um matou o chefe por não lhe pagar o salário, o outro é carreirista, o<br />

terceiro praticante <strong>de</strong> carjacking. «A crise leva a estes atos», justificam-se. Estão<br />

espantados pelas poucas alusões aos tempos que correm: «O Carnaval é usado<br />

para fazer uma sátira ao estado do País, mas aqui ninguém diria», estranha<br />

Joaquim.<br />

Francisco Costa, 56 anos, plumas no chapéu, lenço <strong>de</strong> cowboy à volta do pescoço,<br />

tem opinião contrária: «É uma forma <strong>de</strong> esquecer a crise. Aqui, os poucos trocos que<br />

existem, o pessoal investeos para se animar um bocado. «Se fossem só críticas, o<br />

<strong>de</strong>sfile não se fazia em quatro horas, eram precisas oito», ri-se a foliona bailarina<br />

Carmo Seixas, 58 anos.<br />

A Avenida é uma profusão <strong>de</strong> cores, que mergulha a cida<strong>de</strong> num cenário <strong>de</strong> fantasia.<br />

Quatro escolas <strong>de</strong> samba, cinco grupos <strong>de</strong> passerelle, 15 conjuntos carnavalescos<br />

trouxeram mais <strong>de</strong> 15 mil pessoas ao recinto e esgotaram os 4 mil lugares sentados,<br />

a 11 euros cada, para ver a festa passar - segundo números estimados pela<br />

organização.<br />

'D. TROIKA', A VALENTONA<br />

O Governo sai <strong>de</strong>sautorizado? «Não, mas a a<strong>de</strong>são do público <strong>de</strong>monstra o<br />

disparate que foi não ter dado tolerância <strong>de</strong> ponto», respon<strong>de</strong>, prontamente, José<br />

Américo Sá Pinto, o presi<strong>de</strong>nte da fundação do Carnaval <strong>de</strong> Ovar, que não nota<br />

diferenças substanciais face a anos anteriores. «Ainda o primeiro-ministro não era<br />

nascido e já havia cá Carnaval. Há, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1952», <strong>de</strong>ixa o recado.<br />

Muitos corpos a abanar (alguns enfeitados com plumas e pouco mais), figurinos<br />

pensados ao pormenor, coreografias e exuberantes carros alegóricos remetem para<br />

universos vários. Uma equipa <strong>de</strong> futebol feminina lava-se à vista do público, no<br />

balneário, uma banda filarmónica traz a música portuguesa para o <strong>de</strong>sfile (quase<br />

todos dançam ao som <strong>de</strong> ritmos brasileiros), as festas em honra dos mortos no<br />

México, uma guerra «A Caminho da Terra Prometida». «Em 1985, todos nós íamos<br />

ser ricos, eram as profecias que se faziam na altura...», grita-nos.<br />

Agora, as diferenças não estão só nos horizontes. São outros os carnavais: «A alma<br />

mater <strong>de</strong> Ovar era a crítica. Foram 30 e tal anos com piadas, com fotos que davam<br />

primeira página, no JN do Porto», recorda. É isso que o grupo tenta reviver, mas está

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