Manual de Leprologia - BVS Ministério da Saúde
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cremos que a gran<strong>de</strong> maioria dos infectados consegue dominar a infecção<br />
nessa etapa, <strong>de</strong> modo a jamais fazerem qualquer manifestação <strong>da</strong> doença.<br />
Essa <strong>de</strong>ve ser a explicação para o fato <strong>de</strong> 95% dos conviventes com<br />
doentes lepromatosos jamais fazerem manifestações clínicas <strong>de</strong> lepra. É<br />
sabido que não há doença microbiana em que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> germes<br />
presentes nos tecidos parasitados seja tão gran<strong>de</strong> quanto nos<br />
lepromatosos. Por outro lado sabe-se que o ambiente em que vive um<br />
lepromatoso apresenta um elevado nível <strong>de</strong> contaminação. Para mostrar a<br />
importância <strong>de</strong>ssa contaminação basta citar apenas uma via <strong>de</strong> eliminação<br />
do germe como soi ser a eliminação <strong>de</strong> germes com os perdigotos. A<br />
experiência clássica <strong>de</strong> SCHAEFFER mostra que um doente lepromatoso,<br />
em uma leitura <strong>de</strong> jornal, durante 10 minutos, elimina <strong>de</strong> 40.000 a<br />
185.000 germes.<br />
Não obstante essa exposição maciça, apenas 5% dos “contactos” se<br />
tornam doentes.<br />
INVASÃO DO “M. LEPRAE”<br />
Si porventura o S.R.E. não <strong>de</strong>belou a infecção nessa fase, ocorre<br />
que, por circunstâncias <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s, os germes po<strong>de</strong>m ganhar a<br />
circulação sanguínea indo localizar-se na pele e ou nos nervos periféricos.<br />
Essa invasão <strong>da</strong> corrente circulatória po<strong>de</strong> se processar <strong>de</strong> várias<br />
maneiras, explicando assim os diversos aspectos clínicos iniciais <strong>da</strong><br />
leprose. A invasão <strong>da</strong> corrente circulatória po<strong>de</strong> ser feita apenas por um<br />
êmbolo micobacteriano, por vários êmbolos micobacterianos ou por<br />
inúmeros êmbolos, os quais em última análise vão colonizar-se ao nível<br />
<strong>da</strong> pele e ou do nervo. Se é apenas um êmbolo que vai colonizar-se em<br />
um <strong>de</strong>terminado ponto <strong>da</strong> pele, a primeira manifestação clínica <strong>de</strong> lepra<br />
será uma lesão única cutânea, que po<strong>de</strong> ser hipocrômica ou eritematosa,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do estado reacional do indivíduo; quando a invasão é feita<br />
por vários êmbolos êsse início faz-se por várias lesões ao mesmo tempo.<br />
Entretanto, quando essa fixação se dá ao nível do tecido conjuntivo do<br />
endonervo ou perinervo a sintomatologia será <strong>de</strong> parestesias em um ou<br />
vários territórios, conforme o caso. De outras vêzes entretanto, a invasão<br />
<strong>da</strong> corrente circulatória faz-se maciçamente <strong>de</strong> modo a haver uma<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira bacilemia; nêsses casos a leprose instala-se <strong>de</strong> maneira agu<strong>da</strong><br />
com