Manual de Leprologia - BVS Ministério da Saúde
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) Amiotrofias<br />
– 67 –<br />
Exteriorizam-se as amiotrofias pela progressiva diminuição do<br />
volume e <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcional dos músculos. Na lepra localizam-se,<br />
<strong>de</strong> preferência, na face e nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos membros. Na face, quando<br />
há comprometimento dos músculos <strong>da</strong> mímica facial, as amiotrofias e<br />
paralisias modificam inteiramente a fisionomia. A clássica "facies<br />
antonina" não é mais do que a expressão máxima dêsse processo. Nos<br />
membros, os distúrbios motores manifestam-se, quase exclusivamente,<br />
nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s livres – são acrotéricos. Raramente se propagam acima<br />
do antebraço ou <strong>da</strong> perna. Nas mãos, os primeiros sinais <strong>da</strong> insuficiência<br />
motora aparecem <strong>de</strong> modo impreciso, e sòmente certas manobras os<br />
realçam, por exemplo: man<strong>da</strong>ndo-se o doente aproximar e tocar pelas<br />
pontas o polegar ao auricular <strong>da</strong> mão suspeita, vê-se que a manobra não se<br />
realiza completamente. Eis algumas modificações <strong>da</strong>s mãos, muito<br />
encontradiças na lepra: extensão <strong>da</strong>s falanges basais e flexão <strong>da</strong>s duas<br />
falanges terminais; goteira entre o polegar e o indicador; apagamento <strong>da</strong>s<br />
eminências tenar e hipotenar; polegar no mesmo plano transverso dos<br />
<strong>de</strong>mais <strong>de</strong>dos (mão simiesca <strong>de</strong> ARAN-DUCHENNE); escavação em batel<br />
<strong>da</strong> face dorsal <strong>da</strong> mão; palma <strong>da</strong> mão plana ou levemente convexa, pondo<br />
em relêvo os tendões flexores.<br />
Estas alterações <strong>da</strong> forma e orientação <strong>da</strong>s mãos e <strong>de</strong>dos po<strong>de</strong>m<br />
permanecer isola<strong>da</strong>s, ou se combinarem <strong>da</strong>ndo, ao conjunto, aspectos<br />
típicos. A conheci<strong>da</strong> “garra cubital”, cujo aspecto muito se assemelha às<br />
garras dos felíneos, inicia-se pela encurvação do <strong>de</strong>do auricular<br />
(campto<strong>da</strong>ctilia). Pouco a pouco, os outros <strong>de</strong>dos participam dêsse<br />
arqueamento. Na gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s vêzes, as falanges basais ficam em<br />
extensão enquanto as terminais permanecem flecti<strong>da</strong>s. To<strong>da</strong>via, po<strong>de</strong>m as<br />
falanges médias fixar-se em extensão, e se flectirem as basais e terminais<br />
à semelhança do que ocorre no reumatismo <strong>de</strong>formante. Outro aspecto<br />
curioso é o <strong>da</strong> mão “em ventania” <strong>de</strong> JEANSELME, on<strong>de</strong> a garra se associa<br />
ao <strong>de</strong>svio em massa, para cima e para fóra, dos quatros últimos <strong>de</strong>dos.<br />
Nos membros inferiores, os pododáctilos são frequentemente <strong>de</strong>sviados<br />
em bloco e para fóra, ou superpostos uns aos outros. As amiotrofias do<br />
grupo ântero-externo <strong>da</strong> perna e dos perôneiros laterais (lesão do ciáticopoplíteo<br />
externo) conduzem à impotência do membro inferior. Há, então,<br />
que<strong>da</strong> do gran<strong>de</strong> pododáctilo, do pé, e marcha escarvante (Pied tombant).