Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório
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escrever traços escritos - as lesões psicossomáticas, semelhantes a ver<strong>da</strong>deiros ‘hieróglifos’, uma<br />
escrita ‘para não ler’, ele usa uma constelação de termos ‘hieróglifos’. ‘traço marco’, ‘assinatura’,<br />
‘selo’, ‘corpo considerado cartucho revelando o nome próprio’, marcas’, etc., para tentar conceituar<br />
fenômenos psicossomáticos”<br />
Os fenômenos psicossomáticos se caracterizam por uma lesão do órgão ou sistemas, exemplo, sendo a<br />
pele vista como o maior órgão do corpo humano, destacamos a psoríase, como uma <strong>da</strong>s doenças de<br />
pele muito freqüente na clínica psicossomática.<br />
Em psicanálise fala-se de um corpo pulsional separado <strong>da</strong> carne, quando tratamos de fenômenos<br />
psicossomáticos. A lesão psicossomática ‘psoríase’, por exemplo, é espécie de marcação no corpo,<br />
uma tatuagem que dá carne a esse órgão irreal de lamela que é a libido.<br />
Sabemos que inúmeros estudiosos, há tempos vêm discorrendo sobre a importância do significado <strong>da</strong>s<br />
doenças, como ressalta Viktor Frankel; “O ‘desejo de sentido’ encontra-se na vi<strong>da</strong>. Se o sentido <strong>da</strong><br />
interpretação dá-se a conhecer, a doença é combati<strong>da</strong> com maior eficácia”.<br />
O corpo é palco de acontecimentos desconhecidos <strong>da</strong> alma, ou, segundo o escritor Peter Altenberg: “A<br />
doença é o grito de uma alma agredi<strong>da</strong>”. Portanto, trata-se de descobrir o que a agride, e para tanto o<br />
corpo oferece as indicações necessárias. O corpo pode ser alcançado à condição de palco no qual<br />
encontramos representa<strong>da</strong> a nossa tarefa de crescimento e aprendizado. O meio de expressão do corpo<br />
é a linguagem simbólica, do modo como a encontramos em todos os mitos e tradições religiosas, nas<br />
ilustrações de len<strong>da</strong>s e contos de fa<strong>da</strong>s e, naturalmente, nesse veículo simples e direto que é a<br />
linguagem corrente. Deve-se sempre buscar o significado <strong>da</strong> região afeta<strong>da</strong>, e lá se informar sobre o<br />
significado simbólico do ambiente do problema. O órgão afetado, sua simbologia e função, e desse<br />
modo ao plano <strong>da</strong> incidência do problema. A interpretação cui<strong>da</strong>dosa do que esta transcorrendo com o<br />
ser psicossomático é imprescindível, para viabilizar um tratamento pertinente a produzir insights no<br />
sujeito doente, ele próprio querer curar-se com aju<strong>da</strong> psicoterapica, e a prevenção de reedições de<br />
lesões em órgãos ou sistemas seja plenamente possível.<br />
Atualmente a literatura psicossomática psicanalítica tem procurado mostrar uma nova<br />
concepção do adoecer e do gerar saúde: a concepção psicossomática holística.<br />
ABORDAGEM NO TRATAMENTO DO SUJEITO ‘ DOENTE’ PSICOSSOMÁTICO<br />
Quando estamos diante de um sujeito psicossomático, devemos estar cônscios de que este homem é<br />
um ser total, corpo ‘soma’, alma ‘psyque’ e mente indissolúveis.<br />
O trabalho de investigação psicanalítica do fenômeno psicossomático consiste primeiramente que o<br />
investigador se aproprie de um conjunto de instrumentos que o orientem o pensamento e a ação dele<br />
psicanalista interessado em desejar compreender esse fenômeno ‘a psoríase’, ou outros como as<br />
úlceras, as retocolítes, ou a asma, formas de manifestação somática do sujeito ‘doente’ psicossomático<br />
no setting de trabalho, seja na clinica priva<strong>da</strong>, ou num ambulatório <strong>da</strong> rede pública. O fun<strong>da</strong>mental<br />
nesse trabalho é saber ouvir e ain<strong>da</strong> in<strong>da</strong>gar. É preciso praticar uma escuta especial, bem distinta <strong>da</strong><br />
prática médica contemporânea. Ao ouvir a história do sujeito ‘doente’, durante a escuta analítica deve<br />
o analista estar atento ao comportamento, expressões de sentimentos, expressão corporal, o que ele<br />
verbaliza, o que esconde, o que prioriza, o tom de voz, atos falhos, xister, fantasias, medos.<br />
Seja qual for à natureza <strong>da</strong> queixa ou do sofrimento envolvido, a consulta psicossomática consiste na<br />
escuta atenta <strong>da</strong> queixa “orgânica”, como primeira expressão de um conjunto muitíssimo mais amplo<br />
de expressões e significações, na tentativa de remeter aqueles sofrimentos à totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> existência do<br />
sujeito, fun<strong>da</strong>mentalmente, à sua condição de ser humano que sofre, e que pode e sabe falar de seus<br />
sofrimentos.<br />
Portanto em psicossomática a queixa constitui-se como uma deman<strong>da</strong> de investigação que se inicia<br />
quase que obrigatoriamente pelo sintoma que o sujeito ‘paciente’ apresenta e, deste vai em direção à<br />
estrutura inconsciente que o sobredetermina.<br />
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