Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório
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eficiência não resultou em que<strong>da</strong> na deman<strong>da</strong> energética. O consumo de energia comercial<br />
cresceu no decorrer de qualquer período dilatado.<br />
Com o passar do tempo, as fontes de energia comercial mu<strong>da</strong>ram. No século 20, petróleo e<br />
gás natural tornaram-se ca<strong>da</strong> vez mais importantes em relação ao carvão, principal fonte de<br />
energia <strong>da</strong> era do vapor. Mesmo assim, o consumo do carvão continuou crescendo. Ao longo<br />
do século 20, as fontes de energia comercial, excluídos os combustíveis fósseis, também<br />
cresceram em importância. As mais dignas de nota foram as energias hidrelétrica e nuclear.<br />
Mas, em 2002, a proporção de energia comercial mundial gera<strong>da</strong> por hidrelétricas e usinas<br />
nucleares foi, respectivamente, de apenas 6,5% e 6,4%, ao passo que fontes geotérmicas e<br />
outras não-convencionais geraram apenas 1,4%. Acima de tudo, o consumo de combustíveis<br />
fósseis continuou crescendo.<br />
Quais são então as perspectivas de consumo futuro? A resposta é simples: sem uma mu<strong>da</strong>nça<br />
radical na tendência, o consumo continuará a crescer. Basta considerar os padrões de<br />
consumo energético per capita em um conjunto de países importantes entre 1980 e 2002.<br />
Quatro pontos destacam-se nos <strong>da</strong>dos. Em primeiro lugar, alguns países ricos conseguiram<br />
conter o aumento do consumo de energia per capita, apesar de grandes aumentos no Produto<br />
Interno Bruto (PIB) per capita (em termos de PPC). O Reino Unido, palco de<br />
desindustrialização, é um bom exemplo: entre 1980 e 2002, a deman<strong>da</strong> energética britânica<br />
per capita cresceu 3%, ao passo que o GDP per capita cresceu 59%. Em uma análise não<br />
publica<strong>da</strong>, Bernard Wasow, <strong>da</strong> Century Foun<strong>da</strong>tion, de Nova York, argumenta que,<br />
considerando o mundo como um todo, quando o PIB per capita dobra, o consumo energético<br />
cai 40%. O consumo de energia cresce menos do que o padrão de vi<strong>da</strong>, mas continua<br />
crescendo.<br />
Em segundo lugar, alguns países avançados usam mais insumos energéticos do que outros.<br />
Em qualquer nível de PIB per capita, os EUA usam cerca de duas vezes mais energia do que o<br />
Japão ou o Reino Unido. Além disso, os EUA usam cerca de três vezes mais energia per<br />
capita do que o Japão em transporte. Esse maior uso deve-se em parte à dimensão do país e ao<br />
clima mais rigoroso (o que deve também valer para a Austrália), mas também reflete os níveis<br />
de preços e, portanto, a ineficiência energética do padrão de consumo.<br />
Em terceiro lugar, países em desenvolvimento com crescimento rápido e países em rápi<strong>da</strong><br />
industrialização, em especial, tendem a incrementar mais o seu uso energético. Entre 1980 e<br />
2002, o consumo energético per capita na Coréia do Sul cresceu 300%, ao passo que seu PIB<br />
per capita aumentou 270%. Por fim, o chinês médio usa, respectivamente, um décimo e um<br />
quinto <strong>da</strong> energia consumi<strong>da</strong> pelo americano e japonês médios. E o indiano médio usa menos<br />
de metade <strong>da</strong> energia consumi<strong>da</strong> pelo chinês médio. Suponhamos que no curso <strong>da</strong>s próximas<br />
duas déca<strong>da</strong>s e meia, China e Índia sigam trajetória desenvolvimentista semelhante à <strong>da</strong><br />
Coréia do Sul. Então, em 2030, os dois países, juntos, estarão consumindo pelo menos três<br />
vezes mais energia do que os EUA hoje.<br />
Os prováveis crescimentos <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por energia são consideráveis. Em todo o mundo,<br />
sugere a Agência Internacional de Energia (AIE), a deman<strong>da</strong> (em termos de barris de<br />
petróleo) poderá crescer cerca de 60% entre 2002 e 2030. Em termos absolutos, o maior<br />
aumento será em geração de eletrici<strong>da</strong>de, que é também o maior consumidor de energia<br />
comercial. Mas, com base nas tendências atuais, a deman<strong>da</strong> também continuará crescendo na<br />
maioria dos segmentos de ativi<strong>da</strong>de econômica. Acima de tudo, embora os países em<br />
desenvolvimento respon<strong>da</strong>m por cerca de 50% <strong>da</strong> atual deman<strong>da</strong> energética mundial, a eles<br />
corresponderá cerca de 75% do crescimento entre 2002 e 2030. Se o desenvolvimento<br />
continuar a propagar-se neste século, a deman<strong>da</strong> por energia comercial poderá ser<br />
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