29.07.2014 Views

Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório

Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório

Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Esse trabalho consiste em sessões psicoterápicas individuais, orienta<strong>da</strong>s para a investigação <strong>da</strong>s<br />

incidências dos conflitos psíquicos sobre os processos ou funções corporais que tenham se constituído<br />

em sintomas psicossomáticos. O método utilizado não se distingue do método analítico clássico,<br />

consiste na escuta e leitura dos sintomas com o paciente adotando a livre associação, em busca do<br />

sentido de seus sintomas e <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de imanente a seus sofrimentos. O fluxo <strong>da</strong>s sessões transcorrem<br />

pelas associações livres e pela transferência, desta forma transcorre o trabalho e o sujeito ‘doente’vai<br />

gra<strong>da</strong>tivamente chegando ao insight e a possibili<strong>da</strong>de de passar a viver a vi<strong>da</strong> com mais digni<strong>da</strong>de.<br />

O objeto próprio <strong>da</strong> investigação psicossomática é o sofrimento do sujeito, especificamente na forma<br />

de sintomas que ele apresenta, estes são os motivos deste buscar aju<strong>da</strong> do profissional. Os sintomas,<br />

quando relatados na consulta psicossomática, deixam de ser os fatos físicos, para serem o discurso que<br />

os anuncia. A prática psicossomática faz-se psicanalítica: o sintoma é o fruto do sujeito, pertence a ele,<br />

é biográfico.<br />

Não <strong>da</strong>ria um roteiro para se obter uma história do sujeito psicossomático, mas considero<br />

importantíssimo é investigar quais são as representações do indivíduo: como o psicossomático encara a<br />

sua história, seus projetos, seus erros/ equívocos, seus acertos, seu sucesso e seus fracassos? Como<br />

concebe seu destino? Como encara seus vínculos? Como é a sua vi<strong>da</strong> conjugal e familiar? E sua vi<strong>da</strong><br />

sexual? Que representações ele ou ela tem sobre seu próprio corpo? Como vê as diferentes funções?<br />

Quais são os significados que atribui ao comer, ao dormir, ao ato de excretar, ao prazer e à dor? Como<br />

vê as diferentes partes de seu corpo, qual é a relação imaginária que tem com seus diferentes órgãos,<br />

em especial aquele(s) afetado(s) hoje? Como se estrutura sua imagem corporal? Qual é a construção<br />

interna do seu ‘estar doente’. A doença e a saúde, que representações pessoais e familiares tem? O que<br />

significa a per<strong>da</strong> ou restrição <strong>da</strong>s diferentes capaci<strong>da</strong>des? Amor, trabalhar, se relacionar, se locomover,<br />

ter independência? Quem é assim, sofre, ou sofreu <strong>da</strong> doença?<br />

Outra questão relevante é pesquisar junto ao sujeito ‘paciente’ psicossomático quanto ao seu<br />

tratamento. Que idéias e fantasias ele tem em relação á medicina, à psicanálise, e a terapia holística? A<br />

que tratamentos já se submeteu? Com que resultados?Qual foi a sua experiência com diferentes formas<br />

em que se manejaram o fenômeno psicossomático?Quais são seus temores e expectativas associa<strong>da</strong>s<br />

ao lugar, tempo e forma do trabalho terapêutico ou psicoterapêutico que recorreu?<br />

O trabalho psicoterapêutico consiste fun<strong>da</strong>mentalmente em auxiliar o sujeito a investigar a si mesmo,<br />

através do discurso que produz, no interior de uma relação transferencial. Olhar para seus próprios<br />

funcionamentos mentais, fantasmáticos, corporais; aprende a reconhecer suas expressões, apropriar-se<br />

de si mesmo. Traduzir-se, aprendendo a linguagem de seus sintomas, a linguagem que seu corpo<br />

inventa para expressar o seu viver.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O psicoterapeuta tem que ter consciência que o que esta em jogo é o ser humano total que sofre os<br />

seus sintomas, encontra-se em desequilíbrio biopsicosocial, encontra-se desarmônico, em conflito, mas<br />

o ser pode falar, como sujeito humano, e com a elaboração psíquica de sua história tornar-se capaz de<br />

reescrevê-la. O sujeito psicossomático é autor de sua própria história, o responsável primeiro e<br />

último por aquilo que faz <strong>da</strong>quilo que é. É desta forma que ele pode curar-se, adotando formas<br />

melhores de elaborar seu sofrimento e conduzir suas relações com a família, a vi<strong>da</strong> profissional<br />

inserido em seu contexto sociocultural com mais harmonia. O sujeito autoconsciente <strong>da</strong> importância de<br />

utilizar todos os conhecimentos e meios disponíveis para mu<strong>da</strong>r e reestruturar seu estilo de viver,<br />

resgatar sua auto-estima, sua energia vital “bio-energia humana’ e atingir seu nível de equilíbrio<br />

biofisicopsicoespiritual-social, enfim realizar seu projeto de valorização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (ecologia humana).<br />

Acredito que ser ético e a busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de no trabalho psicanalítico auxilia o sujeito psicossomático a<br />

curar-se, e ser feliz.<br />

Elizabeth Remor Krowczuk*<br />

134

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!