Comissão Especial da Bioenergia - RCE 1/2006 - Relatório
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o álcool <strong>da</strong> cana de açúcar. A reação entre o álcool e o óleo de café resultou na liberação de<br />
glicerina, redun<strong>da</strong>ndo em éster etílico, produto que hoje é chamado de biodiesel.<br />
O petróleo assim, foi adquirindo com o aumento do uso de motores a diesel, grande<br />
importância. A dimensão <strong>da</strong> importância que o petróleo adquiriu pôde ser vista com a crise do<br />
petróleo, que elevou os preços em mais de 300% entre 1973 e 1974, porque os países do<br />
Oriente Médio descobriram que o petróleo é um bem não-renovável e que, por isso, iria<br />
acabar algum dia. Os produtores de petróleo então diminuíram a produção, elevando o preço<br />
do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses. As ven<strong>da</strong>s para os EUA e a<br />
Europa também foram embarga<strong>da</strong>s nessa época devido ao apoio <strong>da</strong>do Israel na Guerra do<br />
Yom Kippur (Dia do Perdão). Com isso, as cotações chegaram a um valor equivalente a US$<br />
40 nos dias de hoje (essa crise aumentou dívi<strong>da</strong> externa brasileira em mais de 40%).<br />
Essa crise representou um ver<strong>da</strong>deiro marco na história energética do Planeta, pois o homem<br />
passou a valorizar as energias, posicionando-as em destaque, com relação aos bens de sua<br />
convivência.<br />
No mundo todo, muitos esforços foram dedicados à superação <strong>da</strong> crise, os quais incidiram,<br />
basicamente, em dois grupos de ações:<br />
(a) conservação ou economia de energia;<br />
(b) usos de fontes alternativas de energia.<br />
A crise do petróleo, juntamente com a crise do açúcar impulsionou o pró-álcool coman<strong>da</strong>dos<br />
pelo professor José Walter Bautista Vi<strong>da</strong>l, que era o então secretário de Tecnologia Industrial,<br />
com o auxílio de uma equipe de profundos conhecedores do setor, passaram a a<strong>da</strong>ptar<br />
motores para o uso de combustíveis de origem vegetal, alternativos aos derivados do petróleo.<br />
Daí surgiu o Pro-álcool, com tecnologia 100% nacional. O programa do Pro-álcool consistia<br />
em transformar energia armazena<strong>da</strong> por meio de organismos vegetais (processo de<br />
fotossíntese) em energia mecânica - forma renovável de se obter energia e, principalmente,<br />
um método que não agride o meio ambiente.<br />
Em 79, a paralisação <strong>da</strong> produção iraniana, conseqüência <strong>da</strong> revolução Islâmica lidera<strong>da</strong> pelo<br />
aiatolá Khomeini, provocou o segundo grande choque do petróleo, elevando o preço médio do<br />
barril ao equivalente a US$ 80 atuais. Os preços permaneceram altos até 1986, quando<br />
voltaram a cair.<br />
Depois <strong>da</strong>s crises do petróleo de 1974 e de 1979, o mundo "resolveu" a questão do petróleo de<br />
duas formas: aumentando a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> energia e aumentando as taxas de juros a níveis<br />
inéditos. Como resultado, os donos <strong>da</strong>s reservas aumentaram a taxa de extração de petróleo.<br />
Além disso, a maioria dos países consumidores criou impostos sobre o petróleo,<br />
transformando-se em sócios na valorização do produto, o que antes pertencia apenas aos<br />
países <strong>da</strong> Opep.<br />
Entretanto, embora o Pro-álcool tenha sido implementado em 1975, somente a partir de 1979<br />
após o segundo choque do petróleo, que o Brasil, de forma mais ousa<strong>da</strong>, lançou a Segun<strong>da</strong><br />
Fase do Pro-álcool, possuindo uma meta de produção de 7,7 bilhões de litros em cinco anos.<br />
Os financiamentos chegavam a cobrir até 80% do investimento fixo para destilarias à base de<br />
cana-de-açúcar e até 90% para destilarias envolvendo outras matérias-primas, como a<br />
mandioca, sorgo sacarino, babaçu, e outros. Quanto à parte agrícola, os financiamentos<br />
chegavam até 100% do valor do orçamento, respeitando os limites de 80% e 60% do valor <strong>da</strong><br />
produção espera<strong>da</strong>, respectivamente nas áreas <strong>da</strong> SUDAM / SUDENE. A intenção do Estado,<br />
ao implementar o Pro-álcool era, além <strong>da</strong>s metas de aumentar a produção de alimentos e<br />
exportáveis do setor rural, buscando a estabili<strong>da</strong>de interna e também equilíbrio nas contas<br />
externas, também de transferir para a agricultura a responsabili<strong>da</strong>de de tentar superar a crise<br />
do petróleo, que afetara profun<strong>da</strong>mente o Brasil, já que este era grande importador do<br />
produto.<br />
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