josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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O trabalho será <strong>de</strong>senvolvido a partir das premissas da análise biográfica,<br />
buscando não apenas contar <strong>um</strong>a ―história miúda‖, mas, sobretudo, como arg<strong>um</strong>enta<br />
Benito Bisso Schmidt, ―permitir <strong>um</strong>a compreensão matizada e plural‖ 4<br />
do biografado.<br />
Neste caso, da participação <strong>de</strong> Oiticica no movimento operário carioca do início do século<br />
XX.<br />
Para tanto, a abordagem biográfica realizada neste trabalho não será efetuada <strong>de</strong><br />
maneira tradicional, ou melhor dizendo, não será construída <strong>um</strong>a biografia tradicional <strong>de</strong><br />
José Oiticica. Tais biografias cost<strong>um</strong>am ser elaboradas a partir <strong>de</strong> narrativas factuais e<br />
lineares dos ―gran<strong>de</strong>s homens‖ da história, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento até sua morte,<br />
procurando assim apresentar o biografado como <strong>um</strong> exemplo ou <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo a ser seguido,<br />
enfatizando características exemplares <strong>de</strong>sses ―gran<strong>de</strong>s homens‖. Segundo Regina<br />
Xavier,<br />
Tratava-se <strong>de</strong> acentuar o homem, sua capacida<strong>de</strong> criadora e sua força <strong>de</strong> ação,<br />
mas ao fazê-lo, reivindicava-se o direito daqueles que fazem a história em<br />
<strong>de</strong>trimento do com<strong>um</strong> dos mortais, que <strong>de</strong>viam, por sua vez, contentar-se com<br />
<strong>um</strong> tratamento mais coletivo. 5<br />
Segundo Magda Ricci, biografias escritas nesse mol<strong>de</strong>, cujo propósito era, em<br />
geral, ―ensinar aos presentes os passos <strong>de</strong> homens e mulheres que, vivendo em <strong>um</strong><br />
passado menos civilizado [...] conseguiram se sobressair, avultando-se perante os<br />
<strong>de</strong>mais‖ 6 , tiveram seu apogeu entre 1930 e 1945 e estavam ligadas à História Política<br />
tradicional. A partir da renovação historiográfica, que fez com que a História Política<br />
passasse a pensar a história não apenas sob a ótica das classes dominantes e a dialogar<br />
com a História Social, o conceito <strong>de</strong> Política foi ampliado, alargando também as fontes e<br />
doc<strong>um</strong>entos a serem estudados.<br />
Tal renovação, consequentemente, trouxe mudanças na forma <strong>de</strong> se escrever<br />
biografias. Assim, procuro no presente trabalho seguir as novas questões metodológicas,<br />
propostas pelos historiadores biógrafos que serão apresentadas a seguir. Não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />
analisar os clássicos da historiografia operária, procuro construir <strong>um</strong> Oiticica, talvez,<br />
4 SCHMIDT, Benito Bisso. O patriarca e o Tribuno: Caminhos, encruzilhadas e ponte <strong>de</strong> dois<br />
lí<strong>de</strong>res socialistas- Francisco Xavier da Costa (187?-1934) e Carlos Cavaco (1878-1961).Tese<br />
<strong>de</strong> Doutorado em História. UNICAMP, Ano 2002, p.19.<br />
5 XAVIER, Regina Célia Lima. ―O <strong>de</strong>safio do trabalho biográfico‖. In: GUAZELLI, César Augusto<br />
Barcelos, Questões <strong>de</strong> Teoria e Metodologia da História. Porto Alegre: Ed UFRS, 2000, p.162.<br />
6 RICCI, Magda. ―Como se faz <strong>um</strong> vulto na história do Brasil‖. In: GUAZELLI, op.cit, 2000, p.154.<br />
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