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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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A tomada da Rússia pelos soviets, blocos compostos por soldados e trabalhadores,<br />

inspirava os <strong>anarquista</strong>s brasileiros, e por isso a presença <strong>de</strong> <strong>um</strong> tenente do Exército, o<br />

qual afirmava que também compartilhava das i<strong>de</strong>ias que visavam a <strong>de</strong>rrubada do governo,<br />

agradava muito aos organizadores <strong>de</strong>ste movimento. Nos jornais operários eram correntes<br />

os textos que tentavam arregimentar as forças militares para a causa operária.<br />

Ainda em 1917 o periódico O Debate, que tinha como <strong>um</strong> <strong>de</strong> seus diretores<br />

Astrogildo Pereira, lançou <strong>um</strong> artigo intitulado ―Operários e Soldados‖, o qual, usando do<br />

exemplo russo, fala da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar aqui também <strong>um</strong> bloco composto por<br />

trabalhadores e militares, assim enfatizava o artigo:<br />

Que os trabalhadores se mirem neste espelho e se instruam eficazmente<br />

com esta lição. O centro libertário c<strong>um</strong>prindo seu <strong>de</strong>ver, aplau<strong>de</strong> e saúda o<br />

proletariado russo e protesta contra o jogo dos governos da ―Entente‖ que<br />

em nome da pretensa ―liberda<strong>de</strong>‖que dizem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nesta guerra<br />

preparam a reação contra o povo, contra os operários e camponeses da<br />

Rússia, que souberam conquistar pela força dos próprios músculos a<br />

verda<strong>de</strong>ira ―Liberda<strong>de</strong>‖.<br />

[...]<br />

A República, com suas leis, seus exércitos, seus crimes e sua canalha<br />

[ilegível], é <strong>um</strong> obstáculo capital à felicida<strong>de</strong> do povo trabalhador. É preciso<br />

[ilegível] <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> Comitê <strong>de</strong> Operários e Soldados que exerça<br />

revolucionariamente <strong>um</strong>a força inovadora até todo o povo adquirir <strong>um</strong>a<br />

certa in<strong>de</strong>pendência e ação que lhe permita dirigir-se por sí mesmo. É o que<br />

urge fazer. 271<br />

O exemplo russo trazia a certeza da necessida<strong>de</strong> da união <strong>de</strong>stas classes. Isso<br />

talvez fizesse não parecer ingênuo a crença <strong>de</strong> que era possível levar as i<strong>de</strong>ias<br />

revolucionárias para <strong>de</strong>ntro dos quartéis. Então, possivelmente inspirados nos soviets e<br />

tendo como exemplo também as greve da Cantareira, Oiticica e seus camaradas<br />

aceitaram o Tenente Elias Ajus em seus planos.<br />

A greve da Companhia Cantareira e da Viação Fl<strong>um</strong>inense eclodiu em agosto do<br />

mesmo ano da insurreição, e paralisou barcas entre Rio e Niterói. Ban<strong>de</strong>ira afirma que<br />

Niterói parou completamente e as autorida<strong>de</strong>s novamente apelaram para a repressão. 272<br />

Mas, quando a força militar apareceu para sufocar o movimento grevista, parte dos<br />

271 ―Operários e Soldados‖. O Debate. Ano: I, N° 6, Ago.1917.<br />

272 BANDEIRA, Moniz. O ano vermelho: A revolução russa e seus reflexos no Brasil, op. cit,<br />

p.116.<br />

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