14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O biografado segue afirmando que os socialistas apoiam as reivindicações<br />

operárias, ―suas reclamações contra a tirania capitalista‖, mas que tudo <strong>de</strong>ve ser feito sem<br />

violência, acreditando na evolução natural do direito, assim o Estado se ocuparia <strong>de</strong>ste<br />

problema e as mudanças realizar-se-iam a partir <strong>de</strong> reformas. Portanto, para ele, o<br />

socialismo é <strong>um</strong>a teoria reformista que se faz valer <strong>de</strong> dois caminhos: os socialistas<br />

coletivistas e os socialistas autoritários.<br />

Respectivamente, os primeiros<br />

concebem <strong>um</strong> sistema social <strong>de</strong>finido, para o qual <strong>de</strong>vemos passar imediatamente<br />

e não por meio <strong>de</strong> reformas paulatinas. Somente, o plano <strong>de</strong>les é meramente<br />

reformista, porquanto não altera fundamentalmente o sistema capitalista. Com<br />

efeito, o coletivismo é <strong>um</strong> capitalismo <strong>de</strong> Estado. Pensam os coletivistas que<br />

extinguirão o salariato pelo fato <strong>de</strong> extinguirem a moeda, representante da<br />

proprieda<strong>de</strong>; mas, o que eles propõem não passa da mesma moeda com outra<br />

forma e nome. 204<br />

Para Oiticica, essa corrente não satisfaria os anseios da revolução social, pois<br />

manteria o mesmo sistema <strong>de</strong> produção capitalista, com a diferença <strong>de</strong> que este seria<br />

organizado pelo Estado.<br />

Já na segunda vertente socialista,<br />

Querem <strong>de</strong>struir a autorida<strong>de</strong> capitalista e afirmam que, para atingir este i<strong>de</strong>al, é<br />

necessário criar outra autorida<strong>de</strong>, a autorida<strong>de</strong> proletária, capaz <strong>de</strong> esmagar a<br />

primeira. Acham, assim, <strong>de</strong> absoluta necessida<strong>de</strong>: 1°-- que o proletariado se revolte<br />

contra o capitalismo; 2°-- que se aposse do Estado e seus aparelhos compressores;<br />

3°-- que estabeleça <strong>um</strong>a ditadura do proletariado; 4°-- que <strong>de</strong>sse modo transforme<br />

o Estado capitalista em Estado proletário. 205<br />

Essa vertente do socialismo, observa Oiticica, não <strong>de</strong>strói a proprieda<strong>de</strong> privada<br />

(gran<strong>de</strong> causadora dos males sociais) apenas substitui os possuidores. Antes os<br />

capitalistas, agora o Estado, que seria para eles o órgão transformador da socieda<strong>de</strong>.<br />

Discordando disso, José Oiticica acredita que tal crença é incoerente, pois o Estado é <strong>um</strong><br />

aparelho diretamente oposto ao comunismo e seu maior empecilho. Com efeito, para os<br />

<strong>anarquista</strong>s, e consequentemente para o aqui biografado, a <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ssa opção<br />

levaria a <strong>um</strong>a ―formação <strong>de</strong> novos possuidores, e não à emancipação da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>‖.<br />

A participação em partidos políticos, a utilização do Estado e sua manutenção era<br />

204 OITICICA, José, op. cit, p.65.<br />

205 OITICICA, José, op. cit, p.66.<br />

86

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!