14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Importante notarmos que o primeiro artigo <strong>de</strong> Oiticica publicado em <strong>um</strong> periódico <strong>de</strong><br />

cunho <strong>militante</strong> é voltado à questão educacional. Oiticica <strong>de</strong>monstrava, portanto, sua<br />

preocupação em instruir o trabalhador para que assim ele pu<strong>de</strong>sse lutar por seus direitos e,<br />

também, contra o ―maléfico sistema capitalista‖. Idéia esta que era com<strong>um</strong> às i<strong>de</strong>ologias<br />

que respaldavam a ascensão proletária em <strong>de</strong>trimento da socieda<strong>de</strong> capitalista. Deixando<br />

―o professor falar mais alto‖, Oiticica afirmava que a educação era <strong>um</strong> dos caminhos<br />

<strong>de</strong>terminantes para que as idéias libertárias triunfassem, mas que essa instrução não<br />

<strong>de</strong>veria seguir os mol<strong>de</strong>s do sistema educacional estatal, representante da classe<br />

burguesa, mas os preceitos da Escola Mo<strong>de</strong>rna 68 , fundada por Francisco Ferrer. 69<br />

Novamente, <strong>de</strong>vemos perceber os caminhos percorridos por Oiticica. O patriota <strong>de</strong><br />

antes aqui se <strong>de</strong>clara <strong>anarquista</strong>. Assim, po<strong>de</strong>mos observar que sua trajetória <strong>de</strong> vida não<br />

é marcada por <strong>um</strong>a linearida<strong>de</strong> teleológica, nem necessariamente por <strong>um</strong>a evolução,<br />

progresso ou amadurecimento, como aparecem em várias biografias <strong>de</strong> <strong>militante</strong>s, ou<br />

mesmo por <strong>um</strong>a busca por <strong>um</strong> final já objetivado, mas por experiências e relações que<br />

permitem a Oiticica ir formando sua personalida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ologia. São suas escolhas <strong>de</strong> vida,<br />

juntamente com suas experiências, que vão compondo sua biografia. Isso po<strong>de</strong> ser notado<br />

ao percebermos que ele ―entra no anarquismo‖ pela ―porta‖ do ensino.<br />

O jornal A Lanterna era <strong>um</strong> órgão <strong>de</strong> informação e propagação <strong>de</strong> idéias da Liga<br />

Anticlerical. 70 Diferentemente da maioria dos jornais que circulavam no meio operário, ele<br />

conseguiu, com alg<strong>um</strong>as interrupções, manter-se até 1953. Jonh W. Foster Dulles observa<br />

que esse jornal teve três sequências <strong>de</strong> produção. A primeira foi do ano <strong>de</strong> sua criação,<br />

1901, até 1904; a segunda data do retorno <strong>de</strong> sua circulação, em 1909, sob a direção <strong>de</strong><br />

Edgard Leuenroth, finalizada em 1916; a terceira entre os anos <strong>de</strong> 1933 e 1953, período<br />

68 Segundo Ramón Safón,―[...]. A escola mo<strong>de</strong>rna é mista e aberta a todos os meios (conquanto<br />

paga, o preço da pensão varia em função da renda dos pais); ela é laica e bane todo ensino<br />

religioso. Enfim, é também racional e científica‖. SAFÓN, Ramón. O racionalismo combatente <strong>de</strong><br />

Francisco Ferrer Y Guardia. Imaginário. São Paulo. 2003, p. 53.<br />

69 I<strong>de</strong>alizador da Escola Mo<strong>de</strong>rna, já em 1886, tinha participado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a manifestação contra a<br />

monarquia. Obrigado a <strong>de</strong>ixar o país, mudou-se para Paris e se aproximou dos meios <strong>anarquista</strong>s.<br />

Foi alí que exercitou sua vocação pedagógica, ao dar aulas particulares <strong>de</strong> espanhol para sustentar<br />

sua família. Francisco Ferrer viajou por parte da Europa, tendo assim a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conhecimento <strong>de</strong> vasto material sobre formas <strong>de</strong> inovações pedagógicas.<br />

70 ―A palavra anticlerical se originou na França, por volta da década <strong>de</strong> 1850, sendo incorporado<br />

aos agrupamentos <strong>de</strong> esquerda e centro daquele país. Em pouco tempo o i<strong>de</strong>ário anticlerical<br />

espalhou-se pela Europa e chegou à América.‖ Ver em: VALLADARES, Eduardo. Anarquismo e<br />

Anticlericalismo. São Paulo, Imaginário, 2000, p.10.<br />

35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!