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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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Gran<strong>de</strong> do Sul. ‗Gaúcho inteligente e culto <strong>de</strong> temperamento vibrátil e impetuoso‘.‖ 93<br />

Aqui,<br />

po<strong>de</strong>mos notar novamente o cruzamento <strong>de</strong> fronteiras, já tratado anteriormente, <strong>de</strong>ntro do<br />

movimento operário, que ren<strong>de</strong>u vários frutos no âmbito da militância operária.<br />

Nesta época, Orlando estava à frente da direção da escola profissional Viscon<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Mauá, em Marechal Hermes. O contato <strong>de</strong> Oiticica com ele seria frutífero ao<br />

anarquismo. Em 1914 a dupla, e mais outros, fundaram a revista <strong>anarquista</strong> A Vida, que<br />

circularia <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1914 até o ano seguinte. Assim como outros periódicos<br />

<strong>anarquista</strong>s, esse publicava artigos que combatiam e alertavam a socieda<strong>de</strong> contra os<br />

riscos e explorações a que estavam submetidas a classe operária. Juntamente com esses<br />

<strong>militante</strong>s, participaram da composição da revista Francisco Viotti, então estudante <strong>de</strong><br />

Medicina e Fábio Luz, médico e higienista que tornou-se <strong>anarquista</strong> já no inicio do século<br />

XX, após a leitura da obra <strong>de</strong> Kropotkin.<br />

Todos eles eram frequentadores assíduos do Centro <strong>de</strong> Estudos Sociais, fundado<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro em 12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1913, o qual era <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> revelador das disputas<br />

i<strong>de</strong>ológicas que coexistiam <strong>de</strong>ntro do movimento operário brasileiro, como o anarquismo,<br />

socialismo e sindicalismo revolucionário. Sendo assim, os representantes <strong>de</strong>ssas<br />

correntes buscavam angariar mais a<strong>de</strong>ptos para terem <strong>um</strong>a maior representativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro dos sindicatos. Toda essa disputa era revelada nas agitadas reuniões noturnas <strong>de</strong><br />

sexta-feira, nas quais se realizavam palestras e conferências que acabavam por se tornar<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bates entre as diferentes i<strong>de</strong>ologias.<br />

José Oiticica travou alg<strong>um</strong>as ―batalhas‖ neste local. Alg<strong>um</strong>as acabaram virando<br />

cartas abertas publicadas nos periódicos que <strong>de</strong>fendiam a causa operária. Como exemplo<br />

po<strong>de</strong>mos citar as cartas publicadas no Jornal Na Barricada, entre ele e o socialista Silva<br />

Marques. Sobre este <strong>de</strong>bate, Dulles escreve,<br />

Em <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> cartas abertas a Silva Marques, Oiticica classificou os<br />

socialistas em dois gran<strong>de</strong>s partidos: os <strong>de</strong> Estado e os coletivistas; ambos<br />

admitiam a proprieda<strong>de</strong> particular e a autorida<strong>de</strong> do Estado, divergindo<br />

radicalmente dos princípios fundamentais do anarquismo. Ao que Silva Marques<br />

retrucou que con<strong>de</strong>nar toda forma <strong>de</strong> governo, assim como a proprieda<strong>de</strong><br />

privada, seria para ele, ass<strong>um</strong>ir <strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong> impraticável. 94<br />

93 MARÇAL, op. cit, p.102.<br />

94 DULLES, John W. Foster, op. cit, p.35.<br />

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