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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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Fatos comuns e isolados conduziam os operários à greve geral. No Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros dias do ano <strong>de</strong> 1917, os <strong>militante</strong>s da FORJ organizaram <strong>um</strong> Comitê<br />

Central <strong>de</strong> Agitação e Propaganda contra a Carestia e o A<strong>um</strong>ento dos Impostos, visando<br />

politizar a questão da carestia <strong>de</strong> vida. Realizaram vários comícios em que buscavam<br />

revelar e informar aos trabalhadores quem eram os culpados pela exorbitante exploração.<br />

Em <strong>um</strong> <strong>de</strong>stes comícios, Oiticica tratou do tema afirmando que,<br />

A carestia é resultante, em última instância, da própria estrutura social brasileira,<br />

ou seja, da exploração capitalista e da dominação burguesa. Enquanto os<br />

açambarcadores estocam gêneros <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong> nos armazéns,<br />

enquanto os burgueses em geral vivem com luxo e conforto e o Estado –<br />

representante da burguesia – permanece indiferente, a classe trabalhadora e a<br />

população pobre em geral vivem na penúria. 126<br />

Os <strong>anarquista</strong>s buscavam incitar os trabalhadores à greve geral, pois essa seria <strong>um</strong><br />

caminho para a revolução social, incentivando-os a se emanciparem em relação ao capital,<br />

emancipação que só seria alcançada, segundo essas li<strong>de</strong>ranças, por meio <strong>de</strong>les próprios,<br />

pois o Estado não os representava.<br />

Essa conjuntura culminou na <strong>de</strong>flagração <strong>de</strong> várias greves e na crença dos<br />

<strong>militante</strong>s, apoiados na esperança da vitória da Revolução Russa, <strong>de</strong> que era chegada a<br />

hora <strong>de</strong> promover, aqui no Brasil, o ataque à or<strong>de</strong>m vigente. Foi neste contexto que<br />

ocorreu a greve <strong>de</strong> 1918, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>nominada por parte da historiografia como a<br />

Insurreição Anarquista <strong>de</strong> 1918; nela, José Oiticica foi <strong>um</strong> dos principais mentores do<br />

ataque frustrado ao palácio do governo.<br />

A atuação <strong>de</strong> José Oiticica nestes movimentos será apresentada e analisada no<br />

último capítulo <strong>de</strong>sta dissertação. No próximo capítulo, apresentarei a atuação <strong>de</strong> Oiticica<br />

no movimento <strong>anarquista</strong> e operário a partir do estudo <strong>de</strong> alguns artigos publicados em<br />

jornais da época tratada, tentando construir <strong>um</strong> José Oiticica <strong>anarquista</strong> a partir <strong>de</strong> seus<br />

próprios escritos e atuações.<br />

Minas Gerais e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, nas duas primeiras décadas do século XX. Dissertação <strong>de</strong><br />

Mestrado, UFRGS, 2003, p.150.<br />

126 NEVES, Roberto das (org) Ação Direta. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Germinal,1972, p. 138.<br />

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