josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
vários estudos efetuados no campo da história, que vão se amparar nas discussões que se<br />
realizam sobre estudos micro-analíticos, os quais, segundo Paul-André Rosental,<br />
baseiam-se ―na crença da possibilida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> reconstituir as ca<strong>de</strong>ias causais, que<br />
estão no centro das suas preocupações‖ 9 . A nova abordagem biográfica tem seguido esta<br />
linha da micro-análise 10 , pois, conforme Giovanni Levi, a análise micro-histórica ―[...] é<br />
essencialmente baseada na redução da escala <strong>de</strong> observação, em <strong>um</strong>a análise<br />
microscópica e em <strong>um</strong> estudo intensivo do material doc<strong>um</strong>ental.‖ 11<br />
Apoiando-se na micro-história, os historiadores vão começar a mudar seus objetos,<br />
buscando, segundo Francisca Azevedo, a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong> fato ou situação singular, ―as<br />
racionalida<strong>de</strong>s e as estratégias que regulam as relações sociais‖ 12 . Assim, como<br />
observaremos no Primeiro Capítulo, é <strong>um</strong> fato singular, que talvez pu<strong>de</strong>sse passar em<br />
branco se analisado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a perspectiva macro-estrutural, o que leva José Oiticica<br />
a se encontrar com as teorias <strong>anarquista</strong>s; é em <strong>um</strong>a conversa com seu primo que<br />
possivelmente nosso personagem inicia suas leituras sobre a idéia ácrata.<br />
A partir da redução da escala <strong>de</strong> estudos busca-se <strong>um</strong>a melhor compreensão das<br />
mudanças e movimentos, analisando-se as quebras e continuida<strong>de</strong>s dos processos<br />
históricos. Essa diminuição <strong>de</strong> escala não compromete a pesquisa, pelo contrário,<br />
segundo Jaques Revel, ―a micro-história se propõe a enriquecer a análise social, tornando<br />
suas variáveis mais complexas e também mais móveis‖ 13 , pois as observações partirão do<br />
estudo dos indivíduos, e não mais somente da estruturas, para assim reconstruir as<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise da agregação ou <strong>de</strong>sagregação social.<br />
Para tanto, em concordância com Revel, os micro-historiadores não se contentam<br />
em registrar apenas a imposição factual, vão transformá-la em princípios<br />
9 ROSENTAL, Paul-André. ―Construir o ‗macro‘ pelo ‗micro‘: Fre<strong>de</strong>rick Barth e a ‗microhistória‘. IN:<br />
REVEL, Jacques (org). Jogos <strong>de</strong> Escalas: A experiência da microanálise. Trad: Dora Rocha, Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, FGV, 1998, p. 172.<br />
10 LEVI, Giovanni. ―Usos da Biografia‖. IN: FERREIRA, Marieta <strong>de</strong> Moraes e AMADO, Janaína<br />
(org.). Usos e abusos da história oral. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1996, p. 168.<br />
11 LEVI, Giovanni. ―Sobre a micro-história‖. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas<br />
perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992, p.136.<br />
12 AZEVEDO, Francisca L. Nogueira. “Biografia e Gênero‖. In: GUAZELLI. I<strong>de</strong>m, p.131.<br />
13 REVEL, Jaques. Jogos e Escalas, a experiência da micro-análise. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FUG.1998,<br />
p. 23.<br />
13