josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
com<strong>um</strong> entre todos os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> herói operário: <strong>de</strong>monstrar o compromisso ao longo <strong>de</strong><br />
toda <strong>um</strong>a vida, inclusive velhice.‖ 306<br />
No poema, ele tenta incentivar a continuação da<br />
batalha contra o capital logo após ter sofrido <strong>um</strong>a <strong>de</strong>rrota para o Estado, e durante toda<br />
sua vida, ele continua afirmando sua luta em prol da anarquia, sendo diretor do jornal Ação<br />
Direta até o ano <strong>de</strong> sua morte, em 1957.<br />
Parece-me mesmo que Oiticica não se <strong>de</strong>u por vencido com sua primeira<br />
con<strong>de</strong>nação, pois residindo em Alagoas ele conheceu e estreitou relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s<br />
com Otávio Brandão que, com a profunda admiração já existente, <strong>de</strong>vido a leituras <strong>de</strong><br />
artigos <strong>de</strong> nosso personagem, conheceu-o pessoalmente em palestras que José Oiticica<br />
teria realizado aos pescadores da região. 307<br />
Então pediu que o <strong>anarquista</strong> escrevesse a<br />
introdução <strong>de</strong> seu livro <strong>de</strong>nominado Canais e Lagoas. Nesta obra, após pesquisa pelo<br />
Estado <strong>de</strong> Alagoas, Brandão buscou indicar as riquezas naturais daquele Estado. 308<br />
José Oiticica seguiu trabalhando ao lado <strong>de</strong> Brandão, que, influenciado pelo<br />
professor, também se <strong>de</strong>clarou <strong>anarquista</strong>, durante o período em que aquele esteve em<br />
Alagoas, divulgando a idéia <strong>anarquista</strong> entre os ribeirinhos que lá residiam. O <strong>de</strong>sterro <strong>de</strong><br />
Oiticica acabou tornando-se, <strong>de</strong>ssa forma, mais <strong>um</strong> período <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> suas teorias<br />
ácratas, ou seja, à medida que certamente visava ―calar‖ Oiticica e assim exterminar com a<br />
―sedição‖ promovida pelo <strong>anarquista</strong>, acabou por se tornar frutífero à teoria ácrata,<br />
parafraseando Petersen, cruzando assim as fronteiras estaduais. Escreve a autora:<br />
Circunstâncias, tais como as perseguições e <strong>de</strong>portações ou a própria<br />
dinâmica da vida daqueles personagens que eram <strong>um</strong> misto <strong>de</strong><br />
agitadores-pedagogos-animadores culturais ou ainda as características<br />
profissionais <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as categorias, <strong>de</strong>terminam <strong>um</strong>a intensa mobilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>stes sujeitos sociais através <strong>de</strong> diferentes locais do país. 309<br />
Dessa forma, divulgavam, propagavam e também absorviam novas idéias.<br />
A parceria com Brandão ren<strong>de</strong>ria a volta <strong>de</strong> Oiticica ao Rio <strong>de</strong> Janeiro. Após a<br />
polícia local <strong>de</strong>scobrir <strong>um</strong>a tentativa <strong>de</strong> ―complô maximalista‖ achou por bem recomendar<br />
306 SILVA JUNIOR, Adhemar Lourenço da. ―O herói no movimento operário‖. In OTERO, Loiva;<br />
ELMIR, Claudio. Mitos e heróis: construção <strong>de</strong> imaginários. Porto Alegre: Ed. Da UFGRS, 1998,<br />
p.132.<br />
307 Rodrigues, E. Os libertários. Rio <strong>de</strong> Janeiro: VJR, 1993, p.42.<br />
308 DULLES, John W. Foster. Anarquistas e Comunistas no Brasil: 1900-1933, op. cit, p.71.<br />
309 PETERSEN, Silvia Regina Ferraz. ―Cruzando Fronteiras: As Pesquisas Regionais e a História<br />
Operária Brasileira‖. Porto Alegre, Anos 90, N.3, junho 1995 p. 135.<br />
128