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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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escolas <strong>de</strong> jurisprudência. Ao elaborar estas, afirmações po<strong>de</strong>mos notar que Oiticica usa<br />

<strong>de</strong> seus conhecimentos sobre as Ciências Jurídicas para a construção <strong>de</strong> seu<br />

pensamento. 176<br />

Sendo as leis e o direito mais <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> oprimir o trabalhador e fazer com que<br />

este não reivindique melhorias, ou transgrida as leis impostas, o Estado mantém sua<br />

imposição a partir <strong>de</strong> órgãos que pregam o respeito à lei. Assim escreve José Oiticica,<br />

O Estado, para manter o povo ignorante na obediência ao direito e impedir<br />

as revoluções, ensina, por todas as partes, nas escolas, nos quartéis, nas<br />

igrejas, o respeito à lei. Cria, assim, <strong>um</strong>a supertição que se entranha na<br />

alma do povo e o estupidifica. Habituado a consi<strong>de</strong>rar a lei coisa sagrada e<br />

intangível, não ousa sequer pensar que seja instr<strong>um</strong>ento tradicional <strong>de</strong> sua<br />

escravidão, nem concebe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suprimi-la, n<strong>um</strong> regime social<br />

sem proprieda<strong>de</strong>. 177<br />

Na visão <strong>de</strong> Oiticica, os quartéis implantam sua disciplina rígida por meio <strong>de</strong><br />

castigos, da instrução militar, que faz com que os ―ex-homens‖ habituem-se à servilida<strong>de</strong><br />

do comando. As escolas públicas auxiliariam nesse processo <strong>de</strong> submissão do homem ao<br />

Estado, ensinando que o ―homem bom‖ é aquele que respeita as leis <strong>de</strong> sua nação; por<br />

meio do incentivo ao patriotismo e preservação da proprieda<strong>de</strong>, transformam os alunos em<br />

―perfeitos servidores da socieda<strong>de</strong> capitalista‖. Assim, nosso biografado afirma que<br />

A feição pedagógica do Estado compreen<strong>de</strong>-se que para os possuidores, é<br />

<strong>de</strong> toda importância manter cidadãos, mormente os trabalhadores<br />

proletários, com tal mentalida<strong>de</strong>, que aceitem sem revolta e <strong>de</strong>fendam,<br />

convencidos, o regime social vigente. Por isso, o Estado ass<strong>um</strong>e as<br />

funções <strong>de</strong> pedagogo, sobretudo das classes primárias, do povo. 178<br />

Logo, a instrução escolar não <strong>de</strong>veria seguir as bases que seguem as escolas<br />

públicas, as quais visam somente o interesse das classes dominantes. Assim sendo,<br />

Oiticica, inspirado nos preceitos da Escola Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> Ferrer, afirma que a educação<br />

seguiria as bases sedimentadas no pensamento libertário, pois este tipo <strong>de</strong> ensinamento<br />

ajudaria na emancipação do ser h<strong>um</strong>ano em relação ao capital. 179<br />

A Igreja aparece então para Oiticica e os <strong>anarquista</strong>s como mais <strong>um</strong>a instituição<br />

que ajudaria o Estado na luta pela manutenção da or<strong>de</strong>m vigente. Ela, com seus dogmas e<br />

176 OITICICA, José. A Doutrina <strong>anarquista</strong> ao alcance <strong>de</strong> todos, op. cit, p.27.<br />

177 OITICICA, José, op. cit, p.28.<br />

178 OITICICA, José, op. cit, p.30.<br />

179 OITICICA, José, op. cit, p.91.<br />

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