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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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do biografado. Porque a história situa-se na confluência <strong>de</strong>sta com a do ser<br />

social, isto é, aquele que combina <strong>um</strong>a dupla condição: a do indivíduo e a do<br />

cidadão. 29<br />

Sendo assim, é importante percebermos que, ao construir <strong>um</strong>a biografia, <strong>de</strong>vemos<br />

analisar o indivíduo como <strong>um</strong> ser que está inserido em <strong>um</strong> coletivo e não como <strong>um</strong> ser<br />

autônomo, percebendo simultaneamente suas singularida<strong>de</strong>s e suas múltiplas relações<br />

com o meio em que vive, ou seja, sua história <strong>de</strong> vida.<br />

Ainda sobre a metodologia po<strong>de</strong>mos encontrar mais <strong>um</strong> problema: o risco <strong>de</strong><br />

cairmos em anacronismos ao tentarmos legitimar conceitos elaborados em época posterior.<br />

Portanto, <strong>de</strong>vemos analisar o personagem sempre <strong>de</strong> forma contextualizada, buscando<br />

i<strong>de</strong>ntificar, a partir <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> linguagem, gestuais, morais, entre outros, diferentes<br />

aspectos <strong>de</strong> sua cultura. Assim, a biografia aparecerá como <strong>um</strong>a leitura possível do<br />

universo abordado.<br />

Ainda sobre a contextualização, ela parece <strong>um</strong> problema não tão fácil <strong>de</strong> resolver, e<br />

<strong>de</strong> s<strong>um</strong>a importância para a realização do trabalho biográfico. Schmidt afirma que,<br />

Normalmente se diz que <strong>um</strong>a boa biografia é aquela que insere o indivíduo no<br />

seu contexto. Mesmo que isto não seja a intenção, tal afirmativa supõe que o<br />

biografado mantenha <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong> exteriorida<strong>de</strong> com a época em que viveu,<br />

como se o contexto fosse <strong>um</strong>a tela pronta e acabada, on<strong>de</strong> se colocariam os<br />

personagens. Nesse caso, como salienta Margareth Rago, o principal perigo é o<br />

<strong>de</strong> criar as ‗condições do contexto‘ , a ‗ilusão do real‘ da socieda<strong>de</strong> estudada,<br />

para <strong>de</strong>pois situar <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro os personagens. Estes virariam autômatos,<br />

pois o autor os inscreveria em <strong>um</strong> espaço já formado. 30<br />

Então, os estudos biográficos <strong>de</strong>veriam ser construídos em <strong>um</strong>a relação entre o<br />

individual e o coletivo, entre o singular e o plural, paralelamente. Assim, talvez,<br />

consigamos construir tanto o personagem como o contexto, em <strong>um</strong>a interação que se<br />

seguirá sem que <strong>um</strong> se sobreponha ao outro, sem elaborar <strong>um</strong>a narração "à moda antiga‖,<br />

a qual se limita à história do personagem, e sem, também, enquadrá-lo em <strong>um</strong> contexto já<br />

pronto.<br />

Diferente da teoria funcionalista, na qual o contexto explica o comportamento social,<br />

na biografia ele será pensado para percebermos a gama <strong>de</strong> variáveis que compõe a vida<br />

29 AZEVEDO, Francisca L. Nogueira. “Biografia e Gênero‖. In: GUAZELLI, op. cit, p. 134.<br />

30 SCHMIDT, Benito Bisso. ―A biografia histórica: o ‗retorno‘ do gênero e a noção <strong>de</strong> contexto‖. In:<br />

GUAZELLI. I<strong>de</strong>m, p. 123.<br />

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