14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPÍTULO II – O fazer-se <strong>anarquista</strong> <strong>de</strong> José Oiticica<br />

Neste capítulo interromperei momentaneamente a narrativa sobre a biografia <strong>de</strong><br />

José Oiticica para abordar alguns pontos que acredito serem <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a importância para<br />

enten<strong>de</strong>rmos como o personagem foi formulando as idéias que culminaram em sua teoria<br />

<strong>anarquista</strong> e visão <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>. Para tanto, procuro i<strong>de</strong>ntificar os temas centrais <strong>de</strong> sua<br />

teoria, seu pensamento político e social, que po<strong>de</strong>rão nos revelar suas influências e<br />

leituras <strong>de</strong> outros pensadores que, somadas ao curso <strong>de</strong> sua vida, acabam por construir o<br />

seu anarquismo.<br />

Após analisar a construção da idéia <strong>anarquista</strong> <strong>de</strong> Oiticica, buscarei i<strong>de</strong>ntificar<br />

alguns dos ―inimigos da anarquia‖, os quais aparecem constantemente nos artigos <strong>de</strong><br />

doutrinação escritos por ele. Elegi como os mais importantes o Estado, a Igreja e o Capital.<br />

Esses artigos <strong>de</strong>monstram como tais instituições são vistas como maléficas à socieda<strong>de</strong>.<br />

Encontraremos aqui também outro tipo <strong>de</strong> inimigo: a teoria socialista, que coexistia e<br />

disputava espaço com o anarquismo <strong>de</strong>ntro da luta operária. Não sendo essa a única<br />

inimiga a ser combatida no seio do movimento operário, parece-me ser com ela que<br />

Oiticica mais se preocupava, pelo menos no período tratado. Em relação a isso, Milton<br />

Lopes escreve:<br />

Segundo José Oiticica, <strong>de</strong> 1912 a 1918 ‗conseguíramos nós, <strong>anarquista</strong>s, e<br />

somente nós, escorraçar dos sindicatos toda casta <strong>de</strong> políticos ditos<br />

socialistas, os irineus, os nicanores, os evaristos, apontando às massas<br />

seus interesses inconfessados, suas táticas oportunistas, sua<br />

insincerida<strong>de</strong>‘. 127<br />

Sendo assim, pretendo aqui, a partir <strong>de</strong> escritos <strong>de</strong> Oiticica, mostrar como ele<br />

<strong>de</strong>fendia seu anarquismo em relação às outras correntes i<strong>de</strong>ológicas.<br />

Este capítulo se encerra com <strong>um</strong>a pequena análise sobre os reflexos da Revolução<br />

Russa sobre os teóricos e participantes do movimento <strong>anarquista</strong> e operário, pois,<br />

certamente <strong>de</strong>vido também a esta influência, o movimento operário entra em ebulição no<br />

127 LOPES, Milton. A Universida<strong>de</strong> Popular: Experiência Educacional Anarquista no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. In: BORGES, Rafael e FILHO, Daniel Aarão Reis (org). História do Anarquismo no<br />

Brasil (vol<strong>um</strong>e I). Niterói, EdUFF, 2006, p.217.<br />

57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!