josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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A gran<strong>de</strong> alegoria dos jornais operários era a oposição entre capital e trabalho.<br />
Utilizavam <strong>de</strong> temas diversos referentes à emancipação e/ou subordinação do operário.<br />
Sendo a Guerra apresentada como mais <strong>um</strong> resultado da corrida capitalista, o pacifismo e<br />
antimilitarismo também eram temas comuns entre esses periódicos. Objetivando doutrinar<br />
e formar opinião, a distribuição <strong>de</strong>stes jornais, juntamente com conferências e <strong>de</strong>bates,<br />
buscavam incitar o operariado e, igualmente, todas as classes que sofriam com os males<br />
da Guerra, a se mostrarem e organizarem-se contra o conflito. José Oiticica, na divulgação<br />
do anarquismo contra a Guerra, realizou <strong>um</strong>a conferência em prol da Revista A Vida, no<br />
dia 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1915, na qual discutiu as atitu<strong>de</strong>s que os <strong>anarquista</strong>s <strong>de</strong>veriam tomar na<br />
luta contra o conflito europeu. Esta conferência teve como título: Anarquismo e a guerra<br />
européia 101 . Como o título leva a crer, o assunto principal foi o posicionamentos dos<br />
<strong>anarquista</strong> contra a guerra, visto que, como já foi dito anteriormente, a guerra é vista como<br />
mais <strong>um</strong> mecanismo do capitalismo, ―i<strong>de</strong>al para a socieda<strong>de</strong> burguesa que apoia os<br />
governos autoritários e disciplinadores. Contra este governo e contra esta socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>veria se levantar todos os <strong>anarquista</strong>s‖. 102<br />
Movidos por esse sentimento, em 1915, os <strong>militante</strong>s brasileiros, motivados pela<br />
<strong>de</strong>flagração da Gran<strong>de</strong> Guerra na Europa, organizaram no Brasil <strong>um</strong> congresso em prol da<br />
paz. Este congresso surgiu <strong>de</strong>vido ao cancelamento do Congresso Pró-Paz, na Espanha,<br />
ao qual os <strong>anarquista</strong>s brasileiros almejavam mandar dois representantes. Frustradas<br />
suas expectativas, iniciaram junto à FORJ, que em abril daquele ano tinha criado <strong>um</strong>a<br />
Comissão Popular <strong>de</strong> Agitação Contra a Guerra, a preparação do Congresso Internacional<br />
da Paz, realizado em meados <strong>de</strong> outubro daquele ano.<br />
O Congresso, que continha em sua pauta <strong>de</strong> discussões a pergunta: ―Ao cabo da<br />
conflagração, quem terá ganhado mais força? A burguesia ou o proletariado?‖ 103 , visava a<br />
unificar o proletariado, os pacifistas e os homens <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> todo o mundo para, assim,<br />
forçar o fim da Guerra junto aos governos neutros que interviriam na elaboração <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />
Plano <strong>de</strong> Paz Mundial. 104<br />
O evento contou com palestras e discussões <strong>de</strong> artigos, escritos<br />
ou não pelos seus organizadores. As sessões foram realizadas no salão da Fe<strong>de</strong>ração<br />
101 A Vida, Ano 1, n°5, mar 1915.<br />
102 A Vida, Ano 1, n°5, mar 1915.<br />
103 ―Congresso Internacional da Paz‖. Na Barricada, Ano 1, n°17, set. 1915.<br />
104 RODRIGUES, Edgar. Socialismo e Sindicalismo no Brasil: 1675-1913. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Laemmert, 1969, p. 325.<br />
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