14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

final da década <strong>de</strong> 1910 e início dos anos 1920. Assim, busco perceber tal influência nos<br />

artigos escritos por Oiticica, que acredito que, em <strong>um</strong> primeiro momento, ressaltam a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização do operariado, instruindo-os sobre a teoria <strong>anarquista</strong>,<br />

tentando arregimentar braços para a luta futura. Posteriormente, já próximo ao final da<br />

década <strong>de</strong> 1910, po<strong>de</strong> ser notada por parte dos <strong>militante</strong>s <strong>anarquista</strong>s a crença <strong>de</strong> que,<br />

estando o movimento já organizado, é chegada a hora <strong>de</strong> se levantar contra as<br />

usurpações da socieda<strong>de</strong> capitalista, assim como ocorreria na Rússia.<br />

A partir <strong>de</strong>stas análises, creio que seja possível notarmos a construção da<br />

―li<strong>de</strong>rança‖ <strong>de</strong>ste personagem (ao menos em relação ao movimento operário carioca).<br />

Li<strong>de</strong>rança essa que será notada na greve do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1918, e que<br />

posteriormente valerá <strong>um</strong>a homenagem a Oiticica, em <strong>um</strong> poema que intitulado com seu<br />

nome.<br />

2.1- A construção da Idéia e suas possíveis influências<br />

Para realizar as análises propostas é interessante tentarmos <strong>de</strong>scobrir qual seria o<br />

anarquismo <strong>de</strong> Oiticica. N<strong>um</strong> primeiro momento, procurei encontrar em entrevistas<br />

concedidas pelo personagem algo revelador, ou <strong>um</strong>a simples afirmação que me levasse à<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> quando, como e porque Oiticica se tornou <strong>anarquista</strong>. Um dos caminhos<br />

para essa busca foi a leitura da entrevista por ele concedida à revista O Cruzeiro, em 1953.<br />

Nesta, ele relata que só <strong>de</strong>scobriu ser <strong>anarquista</strong> após <strong>um</strong>a conversa com seu primo<br />

Il<strong>de</strong>fonso, na qual este lhe revelou que suas teorias sociais eram puro anarquismo. 128<br />

Na mesma entrevista, Oiticica afirma que:<br />

[...] sempre fui meio rebel<strong>de</strong>. Garoto ainda fui expulso do seminário São<br />

José porque recusei a mão à palmatória. Mas acabei indo para a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Direito e com tal crença que disputei sempre os primeiros lugares com<br />

Levi Carneiro, que foi da minha turma. Pois, assim, com <strong>um</strong>a crença<br />

sagrada no Direito, fui ao Fôro levar <strong>um</strong> alvará para registro. O oficial do<br />

registro me cobrou 13$600, quando o Regimento <strong>de</strong> Custos marcava para o<br />

caso apenas 3$600. Protestei. O homenzinho foi peremptório: ―-- Não me<br />

128 Esta conversa já foi narrada no primeiro capítulo, página 33.<br />

58

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!