14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

perpétua crise h<strong>um</strong>ana, abre os olhos aos cegos e incautos, preparando<br />

assim a mentalida<strong>de</strong> coletiva para operar rapidamente a colossal<br />

transformação re<strong>de</strong>ntora. 169<br />

Nesta luta, segundo Oiticica e seus companheiros, ruiria o Capital, o Estado e a<br />

Igreja, pois em <strong>um</strong> regime <strong>anarquista</strong> estas instituições não teriam motivo para existir:<br />

―Como a anarquia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o bem estar social e a liberda<strong>de</strong>, não haveria espaço para estes<br />

órgãos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m os possuidores contra os não possuidores.‖ 170<br />

Oiticica escreveu e palestrou por diversas vezes sobre os temas citados. Nello<br />

Garavini, <strong>anarquista</strong> italiano, em seu livro Memorie, escreve que ―era difícil que o professor<br />

Oiticica <strong>de</strong>ixasse passar <strong>um</strong> dia sem escrever <strong>um</strong> artigo [...] sobre a Anarquia ou <strong>de</strong> crítica<br />

da religião ou da idéia autoritária do socialismo.‖ 171<br />

Mas porque a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>ssas<br />

instituições seria tão importante para a implantação da socieda<strong>de</strong> <strong>anarquista</strong> e,<br />

consequentemente, <strong>de</strong>fendida por Oiticica? Tentaremos analisar qual era a visão que ele<br />

tinha sobre estes ―inimigos‖. Assim, possivelmente conheceremos <strong>um</strong> pouco mais sobre o<br />

Oiticica <strong>anarquista</strong>. A partir <strong>de</strong> seus escritos, abordaremos as ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> luta do<br />

anarquismo na visão do biografado.<br />

Iniciemos pela idéia <strong>de</strong> Estado. Para os <strong>anarquista</strong>s em geral, o Estado <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong>struído ao se implantar a anarquia, por ser <strong>um</strong> órgão representativo das classes<br />

dominantes, autoritário e mantenedor da proprieda<strong>de</strong> privada. 172<br />

A socieda<strong>de</strong> capitalista,<br />

baseada na ascensão individual, medida pela posse, faz com que surja a concorrência,<br />

motivada pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se enriquecer cada vez mais.<br />

Sendo a concorrência causa então <strong>de</strong> tantos males para o ser h<strong>um</strong>ano, mas<br />

essencial para a manutenção do regime capitalista, o Estado surgiria como <strong>um</strong>a instituição<br />

que regularia a concorrência econômica, ―estabelecendo normas <strong>de</strong> competição‖, visando<br />

impedir que acontecessem ―saques e morticínios‖. A partir da imposição <strong>de</strong> sua autorida<strong>de</strong>,<br />

o Estado passaria a legislar sobre os homens. Segundo Oiticica,<br />

Essa concorrência, dizem os <strong>de</strong>fensores da proprieda<strong>de</strong>, é o maior<br />

incentivo do progresso, pois estimula os homens para a luta pela vida,<br />

169 OITICICA, José, op. cit, loc. cit.<br />

170 OITICICA, José, op. cit, p.55.<br />

171 GARAVINI, Nello. ―Memorie‖ APUD. RAGO, Margareth. Entre a história e a liberda<strong>de</strong>. Luce<br />

Fabbri e o anarquismo contemporâneo. São Paulo, UNESP, 2001, p.200.<br />

172 ―O que é a Anarquia‖, Boletim da Aliança <strong>anarquista</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, N° 1, Fev. 1918.<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!